"HABILIDADES DE CURA DE DOIS THUNDERCATS"

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Tudo bem, ora, tá tudo bem… eu me lembro de novembros piores…bem piores… Nem sei se mais quentes, mais frios… Mas… piores. A gente sempre pensa que o nosso novembro dói mais do que os passados, mas me recordo de prédios sendo atacados por aviões, era isso… Deu na TV... Deus na TV. Tenho sempre a impressão de que minha memória não alcança as temperaturas… Mas diante do que têm havido aqui... talvez o meu corpo evolua, afinal.

Amassei uns poemas mal escritos, feitos à mão, e minha gata Ana se remexeu na cadeira, esbugalhando os olhos. Ana têm aquela síndrome que atinge alguns gatos: A síndrome do “eu sou um cachorro”. Ela recepciona as pessoas, pede pra que cocem sua barriga, quer que eu atire bolinhas, etc. Sua irmã Elsa que – como já escrevi milhares de vezes – foi atropelada e quebrou/danificou a bacia, perdeu o bom humor que existia já bem pouco numa típica gatinha caseira e noturna.

Quando atirei a bolinha Ana correu em disparada pelo corredor. Elsa não se moveu do lugar, apenas esticou o pescoço e eriçou as orelhas… Seus olhos ficaram bem atentos. Eu fiquei meio “escondido” atrás da parede do quarto com a cabeça pra fora observando ela e fui ficando triste… Fomos ficando, todos nós.

Peguei alguma bobagem que parecia resto de alguma peça de algum móvel que nem sei mais o que é… em vez de atirar eu pus em frente a ela. Alguns minutos depois enquanto eu mexia no fogão ela brincou e rolou sobre o objeto e deu breves corridas pela cozinha, me pedindo carinho e comida entre uma brincadeira e outra… Ana e eu ficamos parados observando e enquanto olhávamos a cena, dei um sorriso muito mais sincero do que todos que tenho dado desde o mês passado pra cá.

Tudo bem, tudo bem… Ora, tudo bem.Talvez o corpo de Elsa evolua, afinal. Talvez todos os corpos evoluam... no final.