PREFERÊNCIAS
Preferências
Reli ainda há pouco que Manoel prezava insetos mais do que a aviões. Curioso.
O gosto de quem gosta revela muito.
Sempre preferi filosofia à sociologia: o pensamento aos "fatos sociais".
Nos textos, prefiro os poemas aos romances; nos romances, a fantasia em vez das tramas e dramas policiais.
Talvez seja autista emocional em algum nível. Gosto de divagar no meu mundinho surreal.
Coisas aparentemente sem sentido me atraem. Adoro abstrações. Espaço para imaginar, quase que em delírio. Delicia!
O concreto é muito duro (na construção civil ou na vida).
"Alexander...". Tudo bem, é meu nome. Mas dito assim, por ti, incomoda muito. Na verdade, machuca.
Seco, anêmico, sem vida. Como se não houvesse vínculos. Em tom de conversa formal com um estranho. É concreto. Alexander é cheio de defeitos, difícil. Não deveria ser eu aos teus olhos.
Chame de amor, amigo, meu bem, Alex... Aqui, fica abstrato. Prefiro assim.
Amor como pronome de tratamento é poético. Amigo e Alex são apoteóticos, especialmente vindo de ti. Onírico, como o concreto não pode nem consegue ser.
Chamar assim expressa melhor a gente. Abre margem à imaginação - ao playgroud.
Sei que viver é melhor do que sonhar. Claro que sim. Mas não há realidade sem sonho. Ou até há. Mas é assim: concreta.