Palavras que acorrentam
As palavras têm me perseguido. É um tal de vai e vem; um vai mau e volta mau. Pensar nem sempre se consegue, quando a emoção fala mais alto.
Dediquei-me a conjecturar as possíveis causas: humanidade, stresses, personalidade... são tantas desculpas, e nem uma delas ajuda a ter o tão sonhado, e parece inalcançável, domínio das palavras. Pus uma corrente naquilo que me espetava como espinho, mas tudo o que consegui foi espetar-me ainda mais.
Olhei tudo em volta de mim e vi o que cada letra faz com os sorrisos, pensamentos, ideias; foi então que vi o poder delas. Elas podem ser bálsamos ou vinagre em ferimento.
Senti-me acuada, subjugada e fraca perante a estranheza do mais poderoso meio de transmissão do que há por dentro de cada um. Escutei os gritos de dentro e de fora, e me vi presa na correnteza da impossibilidade. No entanto, há como pesar às ideias e transporta-las para fora com um certo ar de cuidado: belo, mas nem sempre certo; firme, mas nem sempre rigoroso; amoroso, mas nem sempre meloso, verdadeiro, mas bem sempre cruel.