Sob os olhos do opressor

Ele sempre me dizia o que fazer. Desobedecê-lo nunca foi uma opção. Entre ameaças e punições eu me limitava chorando pelos cantos vazios. Seu prazer era a minha dor, ele felicitação a cada lágrima minha. Eu, criança sem querer tinha de me contentar com as migalhas de suas permissões. Cheguei a implorar, ele continuou. Tentei negociar, sempre perdi. Invadido, era uma espécie de cobaia em seu laboratório clandestino. Sucumbi a dor como quem se entrega nos braços frios da morte. Sem resgate ou permanência gritei ao vento na tentativa de socorro. Nada funcionou. Minha humanidade se fora, a pureza da criança também. Fui pelas costas vitimado. Fora posta em mim a marca eterna da dor sem direito a defesa.