Sem lugar

Não sei bem como começar esse texto, sei apenas da imensa necessidade de falar sobre tal tema. Estar em análise a pouco mais de 06 anos me proporcionou o pensar e o sentir com profundidade, ou seja, mergulhar em minhas questões. Hoje vejo que meu discurso sempre esteve permeado por essa "falta de lugar".

Mas o que seria afinal esse sentimento de "sem lugar"? Onde estou "sem lugar"? Olha para minha história de vida, percebo que sempre estive em lugares que nunca me couberam, tentando me relacionar com pessoas com as quais nunca fizera laço de fato.

Percebo que não saber quem eu era, e quem gostaria de ser me deixou muito perdida, portanto, SEM LUGAR. Não havia lugar em mim para que eu pudesse ser eu mesma. Hoje consigo perceber que minha morada é a minha mente e meus sentimentos, o que faz com que seja confortável ou fácil.

Na verdade acredito até que este seja um dos momentos mais difíceis de minha vida. Pois, sustentar essa morada implica em ocupar outros espaços no mundo, e estar para o mundo significa ao mesmo tempo deixar para trás espaços que não são mais nossos, ou que nunca foram. Só agora me dou conta disso.

Estar SEM LUGAR abre a possibilidade de estar em qualquer lugar, e pra quê mais desesperador que isso? A liberdade de estar um se quer estar, e de partir quando se quer partir, e fazer morada onde apenas em si.

A liberdade ao mesmo tempo que lhe tira de qualquer amarra, é também solitária. Solitária pois nela não há espaço para fantasias, e quer algo mais solitário do que o real? Ah as fantasias, tão calorosas e tão prontas para nos causar frustração, e o real tão frio quanto um tapa na cara. Depois que me deparei com o real, já não coube mais em minhas fantasias Não que eu não tentasse voltar, mas lá já não me cabia mais. Então sigo assim nesse SEM LUGAR, onde o lugar é estar em mim.

Wiviane S de Almeida
Enviado por Wiviane S de Almeida em 21/10/2019
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