A CRIANÇA QUE VOCÊ ERA, AINDA EXISTE EM VOCÊ?
Quando estava no ventre de minha mãe, aquele local era tão esplendido. Possuía abrigo, mantimentos e tinha a certeza de que tinha alguém lutando ao meu lado. Por mais que essa morada fosse gratuita e formidável, eu tive que sair e vi um mundão cheio de coisas ao meu redor! Eu não me lembro muito bem o motivo, mas até chorei e todos comemoraram. Enquanto olhava os novos horizontes com meus olhinhos, apesar de não entender quase nada daquilo tudo, via meus pais felizes me segurando. De certo modo, a saída do útero da mamãe era motivo de grande alegria para meus pais e inclusive para o Papai do Céu.
Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles. – Provérbios 22:6
Os anos foram se passando e aprendi um montão de coisas! Com meus pais, aprendi a me alimentar sozinho, agora me comunico superbem (ainda troco o ‘r’ pelo ‘l’. Papai acha engraçado). A lista é interminável, todos os dias estou aprendendo coisas novas. Uma vez, meus pais me ensinaram que eu deveria pedir desculpas caso eu tratasse alguém de forma inapropriada. Outro dia, mamãe falou a respeito de sempre fazer o bem para as pessoas, independentemente do que elas tenham feito a mim. Eu não entendi muito bem porque não deveríamos fazer o bem para às pessoas, todos sairiam ganhando! Ah, mas uma das coisas que mais amo é quando sentamos juntos e damos um abraço gigante! Meu tio falou que nem todas as crianças podem ter esse abraço especial justamente por existir pessoas que não fazem o bem no mundo – ele dizia que Papai do Céu estava lutando para reverter essa situação.
Na minha mente não fazia muito sentido prejudicar outra pessoa. Quando já me entendia por gente, senti isso na prática. Algo muito mais forte que eu fazia com que eu fizesse coisas não tão agradáveis. Por mais que eu tentasse lembrar dos conselhos dos meus pais, essa força tentava mexer com meus sentidos – acabei ofendendo muitos familiares e até alguns amigos que tive na escola. Além disso, aprendi a mentir e entendi isso como uma coisa legal quando queremos que alguém não descubra algo sobre quem realmente somos. Muitas vezes passei a mentir sobre mim mesmo para que toda essa pressão não me destruísse – o curioso é que cada vez eu me sentia mais abalado com essas coisas. Uma vez, quando estava na igreja, aprendi sobre o pecado e o quanto ele pode afetar nossos corações; ouvi do professor algo como “devemos ser como crianças para alcançarmos o Reino do Céu” (Mateus 18:3-5).
Hoje, parei para refletir e ficaria bem envergonhado se o meu eu mais novo pudesse me ver exatamente hoje. O que antes era claro como a neve, o que eu dizia que não fazia sentido algum fazer, o que eu sempre lutei contra, hoje se tornou escuro (para que eu pudesse esconder a real verdade), tornou a ter sentido (para que eu continuasse a satisfazer meus desejos), desisti da batalha (já que eu teria de ter uma transformação que já não desejo mais de ter). Dentre a infinidade de fatores, o principal deles: me distanciei de Deus e não soube perseverar em suas promessas quando ainda foram me ensinadas quando crianças. Não soube aproveitar todo o amor que inúmeras crianças não tiveram a fim de melhorar como pessoa. Todos aqueles anos, todas aquelas reflexões, vão sendo desprezadas. Não sei você, mas eu preciso pegar umas dicas com o meu eu criança, assim posso enxergar Deus de um modo mais nítido.