ZÉ RAMALHO NA VOZ DE AMELINHA SOBRE A MUSICA FOI DEUS QUEM FEZ VOCÊ

É fácil para nossos sentidos receber positivamente a mensagem de que Deus criou o céu, as estrelas, o pôr do sol, o sorriso de uma criança. Criar a eternidade num momento de carinho é poético e maravilhosamente humano até para o nosso Deus, agora, “fazer o anonimato dos afetos escondidos e a saudade dos amores que já foram destruídos” isso vai muito além, tem alguém me ouvindo aí?

Quem já não amou anônimo? Proibido, escondido ou simplesmente perdido num emaranhado de emoções que ora evoluem a sentimento, ora não estão passíveis de serem encontrados e muito menos traduzidos? O afeto que escondemos é um afeto dolorido, mistura de sensações entre ferida que coça e que libera prazer enquanto coçada, para evoluir rapidamente ao estado de ardor. Falo do anonimato total, daquele amor que tantas vezes deixa até o sujeito – aqui objeto do seu sentimento – em dúvida se ele é amado por você ou se meramente delira delícias que ele furtivamente rouba em forma de informação de seus olhos, de uma palavra dita sorrateiramente, de um gesto tímido demais para a sua falta de vergonha. Cata insinuações suas, se de algum jeito você o interessa, alegrasse nessa busca. Falo do afeto em suas muitas composições, porém recíproco! Daquele que faz as partes se perguntarem “se isso não é amor, o que mais pode ser?”, falo do sentir em mão dupla que só se concretiza plenamente na esfera imaginária. Talvez por ter sido feito por Deus. Sem dúvida, a perda de um sonho é mais dolorida que a perda de uma realidade. Sonhando, transformamos em metáforas os comparativos cruéis, e ademais adoramos nos lembrar do quanto fomos felizes, daquilo que nos fez bem. É mais uma vertente no processo cognitivo da vida. A saudade que sentimos então é uma saudade editada na alma, nas nossas entranhas mais profundas, no nosso desejo mais intrínseco de uma verdade que suporte nossa condição humana e aqueles amores que tivemos, em qualquer um dos planos, é uma melancolia prazerosa que nos recorda que vivemos, que rouba dos nossos lábios sorrisos laterais ou pequenas mordidas, enquanto o nosso olhar se perde no tempo que excepcionalmente não se mostra muito passageiro quando o tema é amor. Complexo este senhor dos anos!

Sublime este sentir saudade dos amores que se foram, poderosa força iniciadora do choro que rega, abençoa ao molhar o outro. Chorar de saudade, de paixão ou de alegria, é um privilégio. Só entende

isso realmente quem faz parte dessa comunidade que se pega se comprazendo ao exercer o choro emocionado. A música voltou à minha vida quase que por acaso, desembalada no meu ipod em forma de som quase que por engano.

Rodei (sim, eu tenho o costume de rodar quando uma música me toca demais) umas duas horas no meu jardim, olhando o céu e ali fiquei até o dia virar noite. A voz de Amelinha chegou num momento em que eu estava aberta a dizer que entre tantas maravilhas, sentimentos nobres ou ocasionais, que “Foi Deus quem fez você”, ninguém menos. Não resisti em fazer disso uma escrita, uma prece do meu simbólico coração, que de novo e mais uma vez ama.

Por: Roberto Barros

ROBERTO BARROS XXI
Enviado por ROBERTO BARROS XXI em 15/09/2019
Reeditado em 22/03/2023
Código do texto: T6745547
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