CONVIVÊNCIA?
Na posse de nosso próprio corpo, podemos atribuir nossas tendências, experiências e sofrimentos presentes, à alma de pessoas que passaram por certas vidas singulares a si mesmas, como entidades que, inconscientemente representamos na nossa vida atual, nos fazendo experimentar o bem ou o mal, de acordo com a diferença de seus cometimentos e vazios vividos antes de nossa consciência de nós mesmos, experimentando a expiação e reparação de seus malfeitos através de nosso corpo e existência própria, nos impondo patologias, anomalias, deformidades, aberrações, fracassos, infelicidade e angústia inexplicáveis, que transcendem suas existências passadas e refletem em nosso direito ao progresso e a realização pessoal?
Como poderia se justificar tal investida à materialidade recém-nascida, alheia e inexperiente, a imputação invasiva e possessiva de entidades, em busca da luz da libertação dos pecados e o reconhecimento de méritos distintos de incorporações imateriais de existências anteriores retornando de dimensões inimagináveis para encarnar-se em infantes implumes de almas originais?
Se tal impropriedade fosse herdada, seria a Bondade eterna condescendente ao ponto de conferir o prêmio meritório da graça a tal extemporâneo e intempestivo intruso?