PARECIA SER UM COMPLEMENTO, VIROU DEPENDÊNCIA.

Soa até um pouco clichê e maçante falar sobre o uso da internet e dos dispositivos conectados nela atualmente. A sua introdução na sociedade é, para a engenharia, um dos maiores feitos que mãos humanas poderiam fazer. Se enganam aqueles que acham que a comunicação entre computadores se baseia somente no funcionamento de redes sociais, e-mails ou plataformas de vídeo sob demanda. O fato de termos uma rede mundial de computadores tem sido crucial para salvar vidas, amenizar procedimentos dolorosos e até mesmo são a porta de entrada para o recomeço de muitas pessoas que tiveram a vida social prejudicada, seja pela exclusão social ou alguma doença como a depressão.

Parece contraditório, mas tal tecnologia é puramente humana – foi um recurso elaborado para auxiliar-nos em nossas atividades diárias. Embora não pensemos nessas coisas, é irrefutável negar que os computadores fazem cada vez mais parte de nossas vidas, mesmo sendo receosos ao aceitar que podemos dominar todas as suas instâncias de funcionamento. Já reparou como algumas pessoas criam laços afetivos com estes dispositivos? Damos nomes, compramos capinhas... viraram nossos objetos de estimação; senão extensões de nossas casas. Ou até mesmo a “casa oficial” devido ao fato de passarmos mais tempo nelas do que em qualquer outro lugar. Um exemplo gritante dessa situação veio à tona quando a Sony descontinuou todos os serviços relacionados ao seu cão-robô “Aibo”. Algum tempo depois, sem a assistência técnica oficial da empresa, seus donos começaram a fazer funerais para os “animaizinhos” que já não funcionavam mais.

Indo nesse caminho sem volta, relações vão sendo enfraquecidas e, pouco a pouco, nos tornamos escravos das notificações, dos e-mails e histórias de ficção – deixamos de viver com o mínimo de ansiedade, fechamos nossos olhos para incríveis mensagens de pessoas em nosso entorno, deixamos, por fim, de criarmos a nossa própria história – fora do ambiente virtual, claro. É bastante deprimente andar nas ruas e verem pessoas aglomeradas, mas todas em silêncio. É como se seus corpos estivessem anestesiados; adotaram o mundo online como lar principal. Se tornou um local de refúgio; nossas esperanças dependem de influenciadores digitais que digam o que queremos ouvir - egos são massageados. Para amenizarmos esse cenário, alguns são rígidos e trazem verdades nuas e cruas às pessoas. Não adiantará muito se o interlocutor não desejar absorver o conteúdo. No próximo vídeo terá alguém dizendo para ele que está no caminho certo, por mais errado que esteja.

Nossos passos não deveriam prover de terceiros, apenas pelo Espírito Santo – como os aparelhos geram afetos quase que instantâneos e requerem menos sacrifícios (a princípio), corremos para eles. Essa geração passou a conhecer de tudo um pouco. Excelentes máquinas de repetição; baseando-se em opiniões alheias. Cortamos as asas do pensamento que o próprio Cristo tanto incentivou: não mais conseguimos descrever com detalhes o que imaginamos para o nosso futuro – até porque isso não está na internet. Quando mal-usados, os smartphones deixam de ser facilitadores para o amadurecimento social e espiritual (quando empregado corretamente) para serem depósitos de informações que aprisionam nossas almas e escondem a real necessidade de transformação de que precisamos.