ELEMENTO ÍNTIMO
Apesar da apreensão de nossos sentidos corporais nos mostrarem a permanência dos objetos, as coisas ao nosso redor se movem em perpétua transição, e não têm realidade presente, pois, a percepção da verdade, por seu caráter inatingível está oculta na natureza das coisas e negada à mente humana, descaracterizando a realidade das coisas.
Contudo, em nossa mente, sem o acessório dos sentidos, nos afeiçoamos as coisas como objetos que podem ser estimados, pois, a ausência ou, separação deles, nos inquieta em sua intangibilidade, mesmo conscientes para dominar o sentimento de atração de encanto transitório.
Dotados de uma consciência solitária no universo, criadora de nossas cercanias, ilusórias ou verdadeiras, lamentamos a distância daqueles e daquilo que amamos, ao mesmo tempo, desejamos que sintam o nosso afastamento, enquanto buscamos, relutantemente, depositar o mínimo possível de amor em qualquer coisa que se separe de nós contra a nossa vontade.
Em posse do dom da observação assimilamos a distinção entre as coisas que pertencem à natureza, das coisas que demandam o entendimento, cientes da persuasão de falsos arbítrios, pois, no vigor de uma compreensão mais poderosa, a nossa mente nos esclarece o sentido correspondente das circunstâncias e objetos pelo contato com o que intuímos a verdade.
Muitas vezes reexaminamos nossos pensamentos e feitos a procura de uma objeção válida contra o raciocínio que exercitamos para o cumprimento de nossos afazeres, buscando algo que nos restaure e renove de possíveis erros incorrigíveis, apesar do pensamento que nos preenche e nos persuade da realidade das coisas que em nossa alma são tão fielmente presentes para nós, como somos para nós mesmos.