CONFISSÃO

Eu escrevo, e leio!

Ao ler aquilo que escrevo sinto que tirei de mim uma missão, a de expor (as vezes para mim mesmo) a ansiedade, ou o recado, ou o deboche, ou o escracho ou a vontade entalada de responder, como o faço.

E sentir nas letras que uma a uma, teclo um afrouxar do laço, que me sufoca , me entala, me estala a boca, o peito e assim o faço.

Como um traço que se solta libertário do lápis que seguro e traço no espaço a curva, a reta, ou o tremulado de um recado.

Faço-o sempre com o coração, mais do que o gesto, ou clicar da tecla, faço-o com emoção de dizer, mostrar, expor mesmo que só para mim tal intenção.

Antonio Noronha

09-01-2015