Divagações sobre meus Quase 30.

Estou pensando em me mudar.

Mas dessa vez, não fico apenas no exercício mental.

Andei São Paulo, visitei casas, apartamentos, quitinetes; fiz ligações e enviei incontáveis e-mails.

Chorei, me senti pra baixo, depois tive um surto de otimismo, fiz e refiz contas, fantasiei, organizei, listei, comprei, gastei, escrevi e apaguei.

Eu já me mudei antes, mas nunca à frente da situação. Nunca sozinha. Nunca por minha conta, tendo um pequeno pra criar e carregar.

Fiquei com medo de não dar conta; de perder a guarda do meu filho; de passar fome; de sujar o nome; de não ser o suficiente.

Decidi compartilhar a minha decisão com o único modelo masculino que tenho, meu tio. Tio esse, que depois de tantas controvérsias entre nós, decidiu que era melhor negócio ficar do meu lado e me apoiar em tudo que eu decidisse fazer. Ele me disse que estava orgulhoso da minha escolha, que eu precisava disso, que ele me ajudaria com qualquer coisa que estivesse ao alcance dele... Enfim, me tranquilizou.

Ele inclusive fez uma analogia sobre os caminhos que tomamos, baseado nas linhas da palma da minha mão.

Foi bobo, mas me fez sentir muito melhor.

Saber que nossa vida não é e nem deve ser linear, reta, e que por mais que fiquemos empacados numa encruzilhada, há sempre uma saída.

É assustador estar só, saber que dessa vez depende única e exclusivamente de mim, mas acho que já passou da hora.

Quero chegar aos trinta e pensar que posso não ter viajado o mundo, mas banco à mim, meu filho e minha casa, que dou um duro danado pra criar um bom ser humano, que sou honesta comigo mesma e com aqueles ao meu redor.

Quero olhar pra mim mesma daqui a três anos e ver alguém que superou muita merda, uma doença que já me incapacitou, uma insegurança tão grande que não me deixa ser tocada sem tensionar pelo menos três lugares diferentes do corpo.

Cada dia é uma luta diferente.

Impossível ganhar todas.

Mas sempre podemos ter orgulho das que vencemos, e levantar a cabeça sempre que perdemos.

Nunca esquecer de tirar um tempo pra digerir, analisar ou lidar com os acontecimentos, sem sentir culpa por deixar alguém esperando durante seu processo.

Mudanças são necessárias, mas cada ser tem um tempo pra que aconteça.

Eu demorei anos demais, perdida entre egoísmo, imaturidade, lugares e pessoas insalubres...

Estou me libertando dessa rede enorme, um fio de cada vez.

Ouvi o álbum Fountain, de Jooyoung, enquanto escrevi isso.