Um café com meu eu artista
Observar. Olhar. Ver. Quanto tempo!
Trabalho. Telas. Ler. Fechar os olhos acordada? Só se for para olhar para dentro. Cansei.
Olhar por olhar, só por observar, sem pensar. Quanto tempo!
Olhos não se encontram mais em silêncio. E se o fizerem fogem o mais rápido possível. Que afronta se olhar! Defesa selvagem.
Tempo, tempo, tempo, o que fazemos com você?! Tanto te queremos, mas quanto fugimos de você!
Os dedos querem escrever, a boca quer falar, os olhos querem ler. Qualquer coisa que faça a mente focar em algo. Por que não apenas observar? Por que isso é tão assustador? A cabeça quer pensar, não aceita esvaziar.
Me sinto estranha neste momento, diferente dos que estão ao meu redor. Sinto que quando, por um lapso de segundo, conseguem me enxergar, me acham esquisita. "Por que esta menina olha? Por que olhar vago, perdido, sem propósito?"
O músico não quer a tela, não quer ler, mas que constrangedor sentar e não fazer nada neste ambiente de mentes preenchidas. Fecha então os olhos e olha para dentro, ou dorme. Precisa preencher o espaço, afinal estão todos tão preenchidos (e tão vazios).
Mas não estaria eu também preenchendo o meu tempo e o meu momento escrevendo e observando? Sim, seria a resposta. Estou preenchendo-o também, mas de uma forma diferente para mim. Quebrando o hábito. Estou me permitindo meditar de olhos bem abertos. Acho que nunca tinha tido esta experiência. É uma experiência gostosa. As duas formas de ser são boas. Só precisam se equilibrar mais.
Cansei deste cenário. Quero outro.