A paz que a epifania me traz

Recusei o convite para festejar hoje, muitos se unindo e eu me desatando. Optei por ficar em casa sozinha desde sexta-feira em silêncio e reflexão, imersa num processo de autoconhecimento. O corpo pediu reclusão e eu atendi. Numa caminhada que se torna cada vez mais solitária, muitas transformações internas estão acontecendo em mim, conforme meu Retorno Solar já havia previsto. Estou feito placas tectônicas se movimentando na litosfera e ocasionando o surgimento das montanhas que me constitui enquanto a erosão vai me modificando no externo. Um dia ainda me tornarei cordilheira e para tal é preciso tempo, pois é um processo lento, enfim compreendi a mensagem do Saturno que me rege, por isso já não tenho mais pressa, nem questiono ou reclamo da demora, já não me cobro nem julgo ser karma. Se eu quisesse ser apenas montanha eu estaria perto ou já teria alcançado meu intento mas minha natureza essencialmente capricorniana não se contenta com pouco, ambição é meu nome do meio, só que a riqueza que almejo não é a financeira. Agora compreendi a necessidade de reclusão que o meu Retorno Solar pressagiou para este ano, pois além do tempo, é preciso espaço para expandir minha cadeia de montanhas rochosas para que se forme a Cordilheira que cobiço ser. E com silêncio, quietude e plena atenção é que vou acompanhando este processo. Ainda que muito em mim me falte, já me deleito de uma completude. Enfim juntei todas as peças e completei o quebra-cabeça das respostas as quais eu buscava. Tanto tempo focando no micro, me esqueci de olhar o macro para entender o todo. 2018 tem sido um ano de frequente resguardo pois a cada dia eu renasço e em meio à evanescência da vida sigo no remanso sempre que for necessário.

Náthalie Nunes
Enviado por Náthalie Nunes em 17/06/2019
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