Luto de minha própria morte
Eu já morri.
E estou de luto.
Não sei quando,
Nem onde foi.
Não irei ressuscitar,
Só preciso sobreviver.
Enquanto isso,
Sigo em frente,
Sem sair do lugar.
Estou enterrado na cova,
E ao mesmo tempo lá do lado de fora,
De pé, contemplando,
E tentando entender a morte.
Perda de tempo.
Preciso dar as costas
Para esta cena atípica e única.
E não apenas sobreviver,
Mas viver sobretudo,
Com brio, brilho e orgulho.
Preciso me ver ativamente
Nos meus sonhos,
Para dar sentido a esta luta
E vencer o meu luto.
Aquele jovem se foi,
Com sua inocência e ingenuidade,
Seu amor próprio,
E sua imaturidade.
Me resta honrar
A minha morte,
Dignificar a nova vida,
E escrever o próprio epitáfio.