E aquela sensação de estar perdido, como fica ?
Aquela sensação de estar perdido e não ter um local seguro para onde ir é o que constantemente sinto. O fato de ter que ganhar a vida e me submeter a um trabalho precário, tiram as minhas noites de sono, me causam pavor, desespero, angustia e sofrimento. E toda vez que sinto isso, fico com essa sensação de estar constantemente à deriva em um mar de incertezas, eu não queria usar essas expressões que avalio como “banais”, formas e figuras de linguagens banalizadas, mas não tenho como melhor expressar esse sentimento.
Talvez, poderia dizer que estou me sentindo da mesma forma que uma criança que se perde do país em uma festa ou em meio a uma multidão. Se você nunca passou por isso, vou tentar te mostrar mais ou menos com é.
Primeiro você sente que não há nenhuma face conhecida ao seu redor, bate uma sensação de desespero, seus olhos começam a marejar e sua garganta começa a doer bastante. Você começa a olhar pelos lados e fica perdido naquela imensidão de rostos estranhos, da música alta, das conversas e passa a ficar com medo, muito medo do que poderá ocorrer com você daqui para frente. Você ainda não tem muita noção do perigo que isso representa, mas sente de alguma forma, que estar perdido te causa angustia e desespero, não ter ninguém, e não saber para onde ir é algo desesperador.
Em alguns momentos da minha vida, me sinto como essa criança perdida, sem saber para onde ir e sem um propósito em específico. A idade já começa a bater à porta e as cobranças também, especialmente da sociedade: trabalho, trabalho e trabalho. Devemos trabalhar até a morte, só assim a sociedade ficará contente ou satisfeita. Não sou contra o trabalho em si, mas tenho receio da precariedade dos nossos trabalhos, sem falar naqueles informais, eu definitivamente sempre tive medo de me perder nesses trabalhos.
Vivo nessa eterna tensão, entre o amanhã e o amanhã, sempre pensando que meu futuro será esse, um trabalho precário. Eu realmente não me importo em assumir tal tarefa, afinal de contas é sobrevivência, mas eu acredito que quando estudamos ou melhor, quando nos qualificamos, os trabalhos também deveriam ser melhores qualificados. Sei que isso não é uma regra ou norma eterna, e na verdade não é. Talvez seja isso que me cause tanto medo. Sem falar nas comparações! Sim, vivemos nos comparando, é meio inevitável isso porque vivemos em uma competitividade social que nos força a isso.
Não sei se sou forte o suficiente para enfrentar esses desafios, na verdade, me sinto bastante fraco e frágil diante dessa lógica. Tento parecer forte como a maioria faz, contudo, ao chegar em casa, desabo, me perco em pensamentos e em escritos, sendo o ato de escrever uma das poucas formas de colocar tudo isso para fora. Não sou escritor, e muito menos a pessoas que melhor escreve dentro dos padrões linguísticos da língua materna. Mas, acredito que a escrita proporcione isso, um pouco de liberdade diante dos dilemas da vida.