Obra de arte progressista digna de Shakespeare e a bolha existencialista
Descrição de uma obra de arte progressista: "Dois homens, em local público, em festa carnavalesca. Enquanto um deles tem, enfiado no próprio fiofó um de seus dedos, o outro tira para fora da calça um penduricalho flácido e enrugado, e dispara-lhe na cabeça um jato de urina".
E os progressistas e esquerdistas e alienados que ocupam toda a circunvizinhança admiram a impecável 'perfomance' dos admiráveis artistas, desenvoltos e desinibidos, a desempenharem, com requinte dramático, cada qual o seu papel.
E todos, admirando o espetáculo digno de Shakespeare, divertiam-se à beça, até que apareceu um tal de Jair...
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O mundo real, o chão em que pisamos, fere suscetibilidades das almas cândidas dos esquerdistas e dos direitistas isentões. Vivem as criaturas de tais espécies imersas num mundo que a imaginação delas, destituída de riqueza e de criatividade, concebeu. Não é por outra razão que elas reagem com violência contra todos os que lhes exibem o mundo real com o que ele tem de feio e de grotesco ao mesmo tempo que reforçam a camada da bolha - uma membrana que se desfaz ao primeiro contato independentemente de qual seja a sua espessura - que as protege, assim acreditam, do mundo real.