Estado paternal
Costuma-se dizer que o Estado brasileiro, paternal, tem de deixar de sê-lo para que os brasileiros tenham liberdade para viver como queiram. Ora, se fosse paternal, o Estado brasileiro não exploraria os seus filhos, os brasileiros, não os prejudicaria, não os maltrataria, não os abandonaria ao deus-dará, não os faria comer o pão que o diabo amassou; o Estado brasileiro, se paternal, agiria como os pais: Protegeria os seus filhos, educá-los-ia, ministrar-lhes-ia lições edificantes para que eles não se desencaminhassem, oferecer-lhes-ia abrigo, comida, calor humano, carinho, afeto, e em defesa da vida deles arriscaria a própria vida. É uma corrupção da palavra paternal, que remete aos valores mais altos daqueles que têm um incomparável valor moral, os pais, adjetivar com ela o Estado brasileiro.