Ohana

Meus pais tem 26 anos de casados. Tentei ter um casamento assim, mas o meu durou 5 péssimos anos e acabou. Graças a Deus.

Mas não vim escrever sobre casamento e sim sobre meus pais, que são de longe as pessoas mais incríveis que eu conheci na minha vida inteira. Sou a soma da diferenças deles dois, em aparência minha mãe, em essência meu pai, até meu nome é a combinação do nome dos dois. Tenho do meu pai o humor fácil, a mania de ter sempre uma piada pronta, de ser quem faz rir, meu irmão sempre dizia que eu e nosso pai éramos as pessoas mais engraçadas que ele conhecia. Aprendi com meu pai a ser responsável, a ter caráter, a ser competente, minha vaga no primeiro emprego conquistei por ser filha de quem sou, lembro que meu chefe na época disse que eu teria uma semana de aprendizado, mas que se eu fosse competente como meu pai, a vaga era minha. Trabalhei na empresa por três anos. Aprendi com meu pai a me importar com os outros, ele resolveria os problemas do mundo se pudesse, talvez esse seja o defeito dele, se importar demais.

Da minha mãe tenho o riso fácil, e a alegria que enche um ambiente, tenho dela a coragem também, minha mãe parece não ter medo de nada. Tirando o fato de ela ser tímida, discreta e de poucas palavras, e eu ser totalmente diferente disso tudo, porque herdei a tagarelice do meu pai também, eu sou a cara dela. Aprendi com minha mãe a ser forte, a me virar, dar um jeito sozinha. Ela sempre me protegeu, mas não me transformou numa princesa indefesa. A mão que eu apertei durante o nascimento do meu primeiro filho, foi a dela, enquanto eu só ouvia a voz calma dela dizendo: "faz força menina, não tem do que ter medo, só põe esse menino pra nascer." E assim foi.

Aprendi muito com o exemplo dos meus pais, eles me ensinaram tudo o que sabiam, e o que eles não sabiam, eles aprenderam pra me ensinar; aprendi muito por conta própria também, afinal eu fui criada pro mundo e sabia caminhar com minhas próprias pernas, às vezes eles se surpreendem de ver a pessoa que me tornei, centrada, persistente, resiliente, meu pai me descreve assim.

Eu sempre soube que poderia voltar pra perto deles, talvez só não imaginasse que isso seria realmente necessário, mas isso é o bonito de algumas histórias: por mais que a gente se perca algumas vezes nessa vida e se afaste do caminho, tem sempre um fio para nos guiar de volta.

Giraflor
Enviado por Giraflor em 12/02/2019
Código do texto: T6573303
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