Claustro
Quando eu estou suja e abandonada, maquiada em lágrimas... Quando mais nada pode confortar, só a sua existência me acalma. Mas eu preciso me manter distante. Sei o quanto cancerígena posso me tornar. Não se trata de estratégia, mas sim sobrevivência, higidez, sanidade.
Então, a essa altura não precisamos mais encenar, já gastei as solas do sapato nesse caminho. Estou trazendo todas as correntes, cadeados e disfarces, poderá amarrar, imobilizar, encadear e jogar ao mar... o corpo ou as correntes.
Já não tenho mais forças, estou juntando as migalhas, como um João e Maria macabros marcando a trilha pela floresta, mas nessa situação, não há casinhas de chocolates, apenas mar revolto e insegurança. Afinal, por mais clara que sejam as paredes, a sua infindável brancura pode passar, não a impressão de limpeza, mas de se estar presa em uma camisa de força.
"Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.".
Friedrich Nietzsche - Para Além do Bem e do Mal.