Deficiência cognitiva
Uma pessoa diz: "Um copo de vidro arremessado contra uma parede de tijolo, estilhaça-se ao atingi-la.". E outra pessoa retruca: "Bobagem. O copo é duro, e a parede, de tijolo, é de barro, e barro é mole; portanto, nenhum copo de vidro se quebra se jogado contra uma parede de tijolo.", no que é secundada por uma terceira pessoa. Ato contínuo, a primeira pessoa que se pronunciou pega de um copo de vidro, e atira-o contra a parede, que é de tijolo. E estilhaça-se o copo. A segunda pessoa, diante do fato, bate pé, rejeita o que a realidade lhe ensina, e apresenta alguns argumentos, todos sem pé nem cabeça, em favor da tese que defendera, e chama em seu auxílio a terceira pessoa, que, recusando-se a concordar com ela, dá razão à primeira: "No início concordei com você porque vi um sentido no seu argumento: o tijolo é de barro, e barro é mole, e o copo, de vidro, é duro, então, conclui, o copo não se quebra se lançado contra uma parede de tijolo; mas agora, vendo um copo estilhaçar-se contra a parede, que é de tijolo, entendi que o tijolo, de barro, é duro, e não mole, pois o barro que o compõe sofrera uma transformação, enrijecendo-se. A realidade provou-me que o seu argumento está errado, e o dela - e aponta para a primeira pessoa - é o correto: um copo de vidro, atirado contra uma parede de tijolo, quebra-se.". A segunda pessoa perde a compostura, esgoela-se, insulta suas duas interlocutoras, e retira-se, enfezada, bufando.
Os realistas, se em erro, mudam de idéia quando a realidade lhes prova que a que defende está errada. Apegam-se à idéia que a realidade provou estar errada as pessoas que possuem deficiência cognitiva.
Esse exemplo não é dos melhores, eu sei; ilustra, todavia, um pensamento, que eu, no momento, não sei como dar-lhe forma apropriada: muitas pessoas, mesmo diante de fatos que lhes revelam o erro em que estão, os rejeitam, e a ele se abraçam com ainda mais vigor.