O Grande Perigo
O maior perigo que corre a pessoa que se dispõe a trilhar o caminho da santidade é o de achar que, após um breve ou longo tempo de caminhada, já atingiu a sua meta. Quem age assim se esquece que a santidade só se alcança no final e que, nesta terra, por mais que caminhemos bem, sempre existirá a possibilidade da recaída. A pessoa assim, ainda que fraca, sente-se forte e auto-suficiente. Ela deixa de vigiar e se descuida daquilo que outrora era o seu calcanhar de Aquiles. Já não mais evita as ocasiões de pecado. Sente-se capaz de vencer aquilo que outrora a fazia sucumbir. Aqui se encontra o perigo e o engano armado pelo inimigo de Deus. Nesta hora, esquecemo-nos do grande axioma paulino: "quando eu me sinto fraco aí é que sou forte" (2Cor 12,11). Esquecemos que a vitória é fruto da graça de Deus (2Cor 12,9) e que sem Jesus nada podemos fazer (Jo 15,5). Passamos a confiar mais nas nossas próprias forças do que na ação poderosa de Deus. O cristão não pode se descuidar. A sua vida é uma constante e feliz vigilância. Somos sempre pecadores em recuperação, na busca da santidade. Qualquer distração é capaz de nos desviar de nossa meta e sentido de vida. É preciso aprender a reconhecer que, na vida, se Deus não velar por nós e cuidar de nossa história, facilmente nos desviamos e recaimos no vômito do passado. Fazer tal afirmação não é sinônimo de ter uma existência repleta de angústia e desânimo. Antes, é perceber que Deus cuida de nós e que sem ele nada nos é possível. É aprender a olhar os erros do outro com misericórdia. É descobrir que o pecado do outro é uma possibilidade minha também, se Deus não estiver ao meu lado. Isso nos faz olhar a vida com gratidão e esperança.