Janela da Alma, um mergulho na escuridão humana.
Já cansada da incompreensão e intolerância, guardou pra si os segredos do mundo.
Lembrou do sussurro da noite encantadora, banhada pela luz do luar e infinitas estrelas, a contar-te toda sorte dos humanos que desconhecem a si mesmos.
Descobriu no piar da coruja a dor da Mãe Terra, que grita, chora e sangra diariamente, violentada pelos próprios filhos de duas pernas. Não compreende como podem agredi-la desta forma, sem ao menos destruir a si próprios, mas estão cegos, surdos e também insensíveis.
E eles mesmo tendo toda riqueza do mundo ao alcance das mãos, ainda assim vivem na miséria humana, afastados de Tudo, afastados de Todos, se esqueceram de que todos estamos interligados, conectados pelos fios da Teia da Vida, perderam-se da senda da alma, morada do coração.
Gritam desolados noite e dia, dia e noite. Sentem-se perdidos e até mesmo desorientados. Buscam infinitamente a luz que eles mesmos apagaram. Buscam amenizar a dor que eles mesmos se causaram.
Buscam e buscam... que busca infinita é essa de algo que é parte inerente ao ser, como puderam se perder tanto assim?
Que tamanha desconexão foi essa, que os levaram ao mais profundos abismos e mergulharem no mais escuro breu? Foi tamanha escuridão que os cegaram por completo e hoje por mais que se esforcem apenas dispõe de um olhar vazio e sem direção. E de tanto gritar ensurdeceram-se com o eco da própria dor, e de tanto se debater se tornaram insensíveis, a dor; a si; a tudo e a todos.
Hoje vagam sem rumo, perdidos no lamaçal da existência humana a sua própria sorte, no abismo egocêntrico de sua pseudo prisão.
E foi assim, olho no olho diante o espelho, mergulhando através da Janela da Alma, que compreendi não somente o outro, mas a eu mesma, reconhecendo a sombra que me habita e habita a todos nós; mas não me desfazendo dela, nem fugindo, apenas aprendendo que ela existe para que eu então encontre a luz dentro de mim.
São Paulo - SP 18.01.2019 - Inês Gross
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.