A ESCOLHA E O CLIENTELISMO
O universo político representa diversidade de convívios, atividades, conduta, escolha de direções e perspectivas sobre o governo e as suas possíveis ações.
As consultorias de planejamento político de campanha, ao substituírem os líderes de partido como mediadores e suporte integral para o candidato, transformaram a democracia num negócio de apreciação de índices de lucratividade, onde o voto é concebido como dinheiro e o votante como consumidor.
A mentalidade persistente nacional de voto como dever cívico, na confiança que remonta à esperança a votação como ato benéfico à sociedade, mesmo que não seja pessoalmente bom para o indivíduo, se o seu voto corre o risco de não influenciar o resultado, faz muitos se sentirem culpados por não votar, sem considerar a racionalidade de avaliar o custo em esforço, produtividade e tempo, sem perspectiva de retribuição discernível.
Mesmo que votemos por interesse próprio, sem motivos financeiros, e apenas pela apreciação angariada dos conhecidos e amigos familiares com a sua escolha, isso não irá satisfazer a utilidade do voto reflexivo.
Demais, apesar de, contrariando a verdade, desejarmos o asserto do nosso voto, torna-se óbvio que a proximidade da eleição, cada vez mais distancia a influência da vontade do eleitor e tira da sua posse o resultado da campanha, num ímpeto semelhante a apostar num jogo do azar, com a diferença de custo e consequência.
O voto é um direito participativo necessário, que é imposto como dever sob o pretexto que todos devem ser representados, quando, dados às circunstâncias da sua utilidade deveria ser antecipado de uma pesquisa de intenção como meio de avaliação do candidato e aproximação com a sua tendência ideológica partidária, sem opção pelo dúbio voto facultativo que cria brechas para o privilégio de segmentos sociais, fraudes nas urnas, proveito financeiro e o acréscimo de controle político de uns partidos em detrimento de outros.
Está a tornar-se constrangedor ser visto na cabine de votação! Portanto, se votar é um incomodo para o indivíduo, por que votar, sabendo que o seu voto não vale a pena ser lançado?