Prisioneiro de si mesmo
Prisioneiro de si mesmo
Em uma cela chamada vida, observo um preso, me aproximo e pergunto-lhe:
-Por que estás preso?
-Que amarras são estas que atam suas mãos?
Reaja! Liberte-se sua prisão!
Cabisbaixo, olhou-me profundamente nos olhos, uma única lágrima solitária lhe fugia dos olhos, já cansados de chorar. O corpo encolhido, cabeça a postos aguardando o acalento da morte, punhos cerrados, machucados de tão amarrados, estavam elevados a frente do corpo em postura de súplica.
A respiração se fazia em soluços, já desesperançados de um dia sair liberto dalí.
Rodiei, olhei, até mesmo encarei. Delicadamente segurei-lhe o queixo e levantei seu rosto, este já não queria mais encarar-me, desviava o olhar, busanco nas paredes sua rota de fuga.
Novamente tentei buscar seu olhar de encontro ao meu, novamente desviou evitando fitar-me de qualquer maneira.
Penso eu: tolo, não compreende a mensagem que quero lhe trazer! Como posso fazê-lo enxergar se se recusa a simplesmente olhar para quem esta diante de ti?
Repito o processo outras vezes sem sucesso, até que decido mudar de estratégia, saio de sua cela, busco um grande espelho e o coloco diante do preso encarcerado. Saio de perto, mas observo de longe.
Demora algum tempo, até um tímido movimento começa a ser percebido, ele enfim resolveu vagarosamente levantar seu rosto e olhar aquilo que estava diante de si.
A princípio assustou-se , mas já sem forças não pode nem mesmo sair do lugar. Continuou a olhar-se, atreveu-se até mesmo a encarar-se. Não contenho-me e grito:
-REAJA! LIBERTE-SE DE SUA PRISÃO!
Assustado com meu grito, pela primeira vez olhou-me ainda mais profundamente nos olhos, eu podia sentir sua raiva crescer dentro do peito.
Era isso que eu queria, essa força! Tornei a gritar:
-REAJA! LIBERTE-SE DE SUA PRISÃO!
Vi aquele ser se inflar como um balão, elevando ainda mais os punhos a frente do corpo e para cima, urrou com todo o ar que lhe havia nos pulmões e rompendo as cordas que atavam os punhos, deu-se conta que não fora tão difícil e compreendeu que nunca estiveram verdadeiramente amarradas.
-Tolo! Simplesmente fostes prisioneiro de si mesmo, desacreditando de seu poder e de sua própria capacidade.
Texto Inês Gross