Dos meninos vestem azul e das meninas vestem rosa
Não vou indicar nenhuma das leituras que fiz. Isso porque, provavelmente, alguns dos autores/das autoras seriam taxados por suas posições políticas, e o mais importante nas leituras, que é despertar nossos sentidos para o mundo, seria colocado em segundo plano.
O que oriento é: observarem o mundo ao seu redor; que você saia um pouco da sua zona de conforto, e perceba a diversidade que é a prova viva e testemunha da presença divina.
O que seria de nós sem tal diversidade? Como nos compor de um único órgão? Quantas funções são necessárias para harmonizar o ecossistema? Dependemos da diversidade para compor nossa individualidade?
A polêmica que nos choca no discurso de Damares não pode ser vista como algo meramente pontual. Ela (re)produz uma performance – discurso – de gênero (independentemente se figurativa ou não, como alguns a vêm defendendo) que é real na nossa sociedade, e no nosso tempo.
Seu discurso vira piada, pois nos afronta com uma realidade e uma divindade que não está em seus discursos, mas se revela ao nosso redor. O discurso que busca nos impor uma única forma de ver o mundo, nos desvia de nós mesmos. Isso é um tipo de política/poder que nos desconecta do todo, e nos chama de ignorantes.
Se representantes, em seus cargos representativos, agem, descuidadamente, sem senso crítico e ético, além de serem cabíveis as punições devidas por suas parcelas de responsabilidade, cabe também a necessidade de nos trazer as seguintes reflexões: por que chegamos a isso?; Será que deixamos passar despercebido o quanto fomos dominados todos esses anos por um discurso doutrinador (catequizador), acrítico e hipócrita de uma realidade perceptível?; Será que é por isso que sofremos tanto, destruímos tanto nosso ecossistema, damos tanta exclusividade a um egocentrismo e a um “bezerro de ouro”, ao invés de deixar que as vidas possam viver, respeitando a diversidade e não executando certas formas de violência (política democrática na raiz)?
Sem mais.