"DRUMMOND E PESSOA DIANTE DE CRISTO JESUS, O SENHOR"

Dentre os inúmeros e incontáveis escritos drummondianos,

um deles, muito conhecido popularmente, por sinal,

principia assim, declarando as palavras que,

no meio do caminho tinha uma pedra;

tinha uma pedra no meio do caminho.

é... eita caminho, este nosso, no qual tem mesmo

uma pedra!

nos caminhos os quais foram,

nos caminhos os quais estão vindo e

nos caminhos os quais ainda virão,

ai que a gente depara-se mesmo com cada pedra!

pedrinhas, pedras e pedronas!

pedregulhos de tamanhos e formatos vários!

dependendo de quem por ela depara-se,

uma pedrinha faz-se uma pedrona,

uma pedrona não faz-se tão pedrona assim

e uma pedra é uma pedra, é só uma pedra!

ai obstáculos! ai muros! ai muralhas!

ai cêrcas e cêrcos! ai empecilhos!

lembro-me agora de Adélia Prado,

que escreveu, afirmando, muitas vezes,

Deus tirar-lhe a poesia e,

quando ela vê uma pedra, é

pura e simplesmente uma pedra mesmo!

daí, concluo eu que, Adélia, ó imenso Prado,

penso eu que Deus nunca tirou-te a poesia não,

ao contrário, acrescentou-te ainda mais dela!

e nessa, o Drummond é mesmo um adorável flecheiro,

o alvo acertando,

pois que estas pedras,

eis que não há como não existirem,

necessárias e fundamentais, essenciais fazem-se,

não há como, não há forma nem reforma,

e não há fórmula a fim de evitarmo-las!

são as pedras com as quais, a utopia não confronta-se

porquanto, inda que não desejamo-las,

não deixarão de estar ali, no meio do caminho,

independem das nossas vontades,

faça sol, faça chuva, granizo, tempestade,

bonança, bom tempo ou mau tempo,

as pedras estarão ali, não mover-se-ão,

a fim de que, bem ou mal, em alegria ou em tristeza,

rindo ou chorando,

chorando de tanto rir ou rindo de tanto chorar,

enfrentemo-las, com elas deparamo-nos,

assim escreveu Drummond e fato é, fato faz-se!

por sua grandiosa vez, portanto,

o grandioso lusitano escritor Fernando Pessoa,

valendo-se de um de seus diversos codinomes,

dentre os seus, também, incontáveis escritos,

escreveu Pessoa, num pessoano desabafo:

"eu que me aguente comigo

e com os comigos de mim!"

ó vida! ó vida vivida e revivida, dia após dia!

logo pela manhã, ó alvorada! rompe a aurora

e desponta o sol, o caminho de cada dia e

as pedras as quais no meio dele estão, iluminando!

e à noite, ó crepúsculo! dá-se o ocaso e vem a noite,

ó escuridão! surge a lua, os mesmos

caminhos e suas respectivas pedras,

ó que, também, a iluminar!

sob o luar, sob o clarear,

no cotidiano de cada dia e de cada noite,

dia após dia, noite após noite,

enfada a gente do próprio enfado de ser gente!

nessa, o Caminho de Vida abundante e eterna,

em nossos corações, eis que abunda e eterniza

a vida a qual, sem Ele,

a gente não teve,

a gente não tem e

a gente jamais terá,

porquanto, do caminho, as pedras, Ele não removerá

e nem, da gente mesmo, o enfado de ser gente,

pois vem nos ensinar,

com as pedras e o enfado,

a sabermos lidar,

com a presença do Seu Santo Espírito

plenamente a nos ajudar, a nos auxiliar,

a nos santificar!