"CRI, MAS NÃO TEMI! AI DE MIM! AI! AI! AI!"
Os dias são maus!
os dias passados foram maus,
os dias presentes são maus
e os dias futuros, maus, ai que, também, serão!
desde a queda do humano ser,
ai pecado original,
geração após geração, persistido e recriado!
ai de mim! os dias são maus,
e se eu não me ajustar com Deus,
ai de mim! ai de mim! ai, ai! ai! ai! ai!
virá o dia, como ladrão à noite,
à hora na qual não espera-se,
ele vem e grande estrago ele faz!
daí, já fôra o que poderia não ter sido
e aí, cadê que, diante do Altíssimo,
vou ter coragem pra falar e peticionar
alguma coisa sequer,
se o tempo de clamores e súplicas já se foram?
ai! feito o ladrão, saqueei a mim mesmo,
porquanto cri, mas não temi!
ai de mim! ai de mim! ai! ai! ai!
não é brincadeira e não é poesia!
é sério! é muito sério! seríssimo!
serão "ais" não, não poéticos,
mas de aflição e de dores!
serão "ais", sim, reais!