DISCERNIMENTO
A ação é uma medida desconhecida nas unidades de realizações multiplicadas pelo período contínuo no qual os eventos se sucedem, apenas afirmando que o ato será o menor de todos os atos concebíveis, sem a certeza do seu desfecho.
Devido à nossa tendenciosa necessidade de criar um único bom argumento em qualquer problema, deveríamos começar a observar se concordamos com os lados opostos de uma questão, pois, temos alguma parte da verdade, e frequentemente argumentamos com motivos misturados na controvérsia que transmite a falsa, perniciosa e sedutora ideia de que, na maioria dos argumentos existem dois lados da questão.
A nossa perspectiva, especialmente quando estamos concentrados numa única questão, pode ser deprimente e perturbadora, mesmo quando reconhecemos os bons propósitos que a motivam. Pois, apesar de cuidadosamente examinarmos o nosso impulso de luta, entendemos que todos os nossos instintos são ambíguos, inclusive o amor, que de um lado aparenta cobiça e luxúria, enquanto o seu outro aspecto denota autossacrifício.
Apesar de o confronto ser baseado na decepção, a nossa mentalidade prática prioriza o autocontrole para preservar a nossa segurança e bens, invés do paralelo encontro face à face.
Entretanto, instruídos, reverentes e aconselhados nas regras para o bem, no nosso fluxo de tendências, significamos o caminho ao pensamento e à ação que formam a nossa visão de vida e a nossa concepção de necessidades sociais, baseados em impulsos herdados, convicções adquiridas e crenças tradicionais que nos auxiliam a configurar objetivamente, com integridade e virtude, os problemas que confrontamos na nossa existência.
Fugindo do diálogo interdependente da filosofia e da literatura, a linguagem excessiva, sem poesia e vazia dos conhecimentos se tornou num estorvo para o pensamento adiantar a conversa coloquial.
O coração da questão de ser, é que tudo é o presente, o único momento em que podemos tentar. Quem sabe, até compreender a diferença singular entre uma pergunta e uma resposta na réplica clara e única que alguém pode nos dar: “eu não sei!”.
Contudo, olhando para a vida como espectador, observando-a de fora e, vendo apenas a superfície, esperamos que a rotina mude, nos surpreenda, nos divirta, apareça e nos inspire.
Mas, para alguém totalmente envolvido no presente, num nível de experiência mais profundo e pessoal, o quotidiano é novo a cada dia.
Numa cultura que nos torna espectadores até mesmo das nossas próprias vidas, sempre conectados com as mídias sociais que espalham tudo para o melhor e o pior, perdemos a capacidade para a solidão escolhida.
Precisamos encontrar um caminho mais profundo, onde tudo é focado no aqui e agora, com a consciência de que todas as pessoas, não importa como elas sejam, têm uma humanidade igualmente a nossa, e para conhecê-las, temos que tocá-las em nós.