Sou ou não sou um robô?
No meu trabalho,
Frequentemente,
O sistema me pede para confirmar
Que não sou um robô.
A pergunta é tão insistente
Que chego a duvidar
De mim mesmo:
Será que eu sou um robô?
Pensando um pouco
Acho que tenho sido um,
Fui me programando com o tempo,
Cada instrução seguindo.
Os comandos são dados
Com tanto sutileza,
Que acredito que o que faço
É por minha própria vontade.
Artificialmente,
Minha inteligência
Parece tão natural
Que acredito que penso.
Crio personagens,
Monto cenários,
Sou um robô avançado,
Que pensa até que sente.
Um robô sentimental,
Que não chora,
Mas foge
E escreve.
Ama diferente,
Se apega ao distante,
Confunde,
E se perde com a presente.
Acha que é eterno,
É frio quando deveria ser quente,
Explode quando deveria ser sereno,
Um robô com medo errar.
Reprograma os circuitos,
Para não fazer e voltar,
Mas que quer viver,
E entender o que sente.
Fala que não é um robô,
Mas se acomoda
E se conforta,
Dizendo que é um.