A VONTADE E O ACASO

Nossa alma, no despertar de nossa consciência e na soma do funcionamento do corpo com nossos pensamentos e ações, como parte da ordem natural das coisas, é externamente influenciada, sempre decidindo como será nossa existência, e no que nos tornaremos no próximo momento.

Apesar de o determinismo e o livre arbítrio serem incompatíveis, podemos, pelo menos, ponderar sobre as razões para a evolução nos legar uma ilusão tão poderosa quanto a livre escolha, nos condicionando a dançar a melodia da vida, fazendo o que desejamos, mas, sem podermos realizar o que queremos, pois, o universo se desvenda de acordo com suas próprias leis, condicionando-nos a traçar uma linha preordenada que riscamos na face de nossa existência, inábeis de, em instante algum, desviar sua direção, permitindo-nos, somente, mudar o presente, paulatinamente, pertinazmente, até que o amanhã se desenvolva nas histórias de nossas vidas, pois, a crença não está sujeita à vontade. Entretanto, o livre arbítrio é exercido inconscientemente.

Fundamental para a compreensão dos processos mentais, a consciência concorre com as atividades mentais inconscientes, e esses seguimentos, tão importantes quanto as atividades conscientes para a compreensão da mente, nem sempre alcançam a consciência.

Devemos assumir a responsabilidade de nossos atos, somente no sentido de que eles sejam cometidos por um indivíduo identificável? Mas, aceitar o incompatibilismo dissolve a responsabilidade moral, abandonando um bem social importante e tornando-nos livres para julgar ações não por algum mandato, divino ou não, mas, para o que é bom ou ruim para a sociedade.

Não fosse o engano e a auto-decepção dos sentidos, o livre arbítrio, que não nos apresenta um propósito geral, nem visa nenhum bem maior, e nunca pode ser satisfeito, poderíamos acolher a amistosidade das rígidas relações de causalidade e leis universais que excluem o acaso, para amenizar os efeitos da inevitabilidade?

A despeito dos efeitos neutralizantes de algumas tendências, impulsos e inibições, como seres humanos compartilhamos nossos instintos primais contidos na força da emoção para transpor obstáculos e atingir metas difíceis.

O que pensar e compartilhar com as pessoas, por mais que ignorem o conhecimento sobre a objetividade histórica que não pode ser impedida de sua aplicação à sociedade, diante da escolha entre o acaso e nossas ações possivelmente predeterminadas e alicerçadas nos avanços do conhecimento de física, neurologia e independentes das premissas ocultas em nosso cérebro, que é chegado o momento de rendermo-nos à conclusão de que é mais acertado e sábio evitar as extrapolações filosóficas, pois, se bem pensarmos, chegaremos à conclusão que, em nossa vida, alcançamos poucos resultados beneficiais trazidos por nossa própria escolha.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 09/11/2018
Reeditado em 19/10/2023
Código do texto: T6498298
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