Reflexões sobre a educação no Brasil neste dia do professor

Professor é a profissão mais complicada de se praticar no nosso país. Enumero dois pontos básicos que tiram o prazer de ensinar e de discutir ideias, ambos atrelados aos valores pecuniários enraizados na mente do nosso povo.

O primeiro desgosto de quem escolhe ser professor é que sua profissão é sinônimo de incompetência. Num país onde o impulso mais relevante que move o comportamento individual é a busca pelo dinheiro, a curiosidade e a busca por conhecimento sem fins práticos são julgados como gestos de futilidade e de pouco valor. Sendo o professor relativamente mal remunerado, em comparação aos demais profissionais igualmente qualificados, a sensação é de que quem ensina é fraco ou que, em algum momento da vida, falhou em alcançar um patamar diferente na sociedade (como ser um médico, engenheiro ou servidor público de alta patente). É comum a situação em que os graduandos de áreas como letras, geografia, matemática, história, filosofia, etc., têm que se defrontar com o desprezo: “Interessante sua área, mas você vai dar aulas?”. Como se dar aulas fosse um desperdício de talento.

O segundo desgosto que o professor brasileiro tem que lidar é pela repulsa que os alunos e a sociedade em geral têm pelo conhecimento descompromissado. As pessoas não querem saber de ciências como meio para o engrandecimento pessoal, elevação da intelectualidade e evolução como ser humano racional (pois é justamente isto que nos diferencia dos outros animais). O que geralmente se espera da ciência é que ela nos forneça mecanismos pra ganhar dinheiro.

Assim, o jovem entra na faculdade de economia esperando aprender a lucrar na bolsa, ou na faculdade de engenharia mecânica com o desejo de sair dali empregado em alguma montadora. É comum negligenciar a importância de várias disciplinas que não são representativas diretas dos objetivos traçados. No ensino médio a maioria dos alunos (não me excluirei desta turma) vivem questionando a necessidade de aprender biologia, física, química, sociologia, filosofia, ou até mesmo história. O argumento geral é: “por que aprender isso se não vou usar na minha vida?”.

Nesta toada vamos seguindo a trajetória de vida com fins pecuniários, em vez do engrandecimento mental e espiritual, e nos tornando fatores de produção. Como resultado, o professor se encontra reduzido à uma peça de pouco valor na engenharia social, cuja função é treinar pessoas para replicar informações com finalidades impostas por terceiros.

Por fim, minha profunda tristeza não permite parabenizar os professores, apenas lhes endereço meus sinceros pêsames.