DEFINIÇÃO DE INSANIDADE (segundo o CHATO do Einstein)

15 de outubro de 2018

00:41

Eu estive ao lado do telefone, quando o telefone ficava preso à parede e em cima da mesa. Eu tinha onze anos e esperava que uma menina de onze anos me amasse... ela se chamava Laura. Por mim já estava tudo definido, namoraríamos até completarmos dezesseis anos, e depois aos dezoito nos casaríamos. Teríamos filhos perto dos trinta. Bem, não aconteceu... Porque ela gostava de falar comigo, mas preferia um menino de cabelo lambido chamado André, que mal falava com ela. No entanto ela sempre me ligava, mas em um dado momento, eu não quis mais atender.

Eu estive segurando um telefone sem fio, enquanto ouvia Heavy Metal e conversava com Ariane. Ariane era linda, e extremamente complexa, ela estava sempre sorrindo e parecia ser fogosa. Era extremamente sensual, quero dizer, sensual para meninos de quinze anos. Eu tinha quinze, ela tinha quatorze. Eu era louco por ela, e ela nunca soube, ninguém soube. Ela era declaradamente apaixonada pelo João Marcelo, e eles ficaram apenas uma vez. Ela tinha um probleminha na orelha... certa vez o João Marcelo - já depois de ficar com ela - zombou de sua orelha pra mim. Eu ri, mas na verdade eu não estava entendendo porque nunca tinha reparado em sua orelha. Na verdade Ariane escondia uma tristeza imensa, eu não conseguia abordar isso, mas conseguia sentir aquilo nela. Acabei me interessando por outras pessoas, e o telefone eu não sabia onde estava...

Depois foi uma tal de Karla (Cau_Kurt... porque ela gostava do Kurt Cobain), que gostava de rock e fazia o tipo maníaco-depressiva-do-metal, ela só gostava de caras de cabelo grande que tocavam guitarra. Mas vivia me telefonando. Certa vez, percebi que eu não telefonava pra ela... nunca. Ela sempre telefonava. E quando ela parou de telefonar, eu não percebi. O telefone era sem fio, mais fino, leve, e branco.

Eu tenho trinta e quatro anos, tenho uma filha, tive duas relações conjugais, tive uns quinhentos namoros relâmpagos, tenho um gato que está mordendo o meu carregador de celular, e tenho um computador. Eu tenho um sebo de livros e sou escritor. Estou escutando "Say you, say me" de Lionel Richie, e sendo o maior exemplo da definição de insanidade, de Albert Einstein: "fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes.". No frigir dos ovos, a gente só quer se sentir vivo... e parte de alguma coisa bonita... o resto da vida são apenas metas, quesitos a serem preenchidos.

H.B