Valhas portas
Olhe para aquela porta, veja por entre a fresta aquele momento furtado onde o sim se tornou não,
o não deu lugar ao talvez dono de uma enorme insensatez, olhe por entre a fresta a luz dando lugar às trevas,
o bem esvaecendo por sobre as brechas do desatino egoísta e muito bem pautado,
sendo ele chicoteado pela arrogância e a mais pérfida e destruidora saraivada de orgulho,
uma impertinência desacerbada calando em cada peito feito pinhais dos mais bem afiados.
Porta que se cerra a qualquer momento liberando tramelas que trancafiam de forma que nunca mais serão abertas, repare na fresta que a cada dia lentamente vai fechando e observe todas as outras que já foram trancafiadas,
portas escuras, sem vida e sem significados, todas elas guardando sentimentos falidos, sentimentos de frustração, mágoa, decepção e o pior deles, o ódio.
Quantas portas já se fecharam?
Quantas delas ainda esta aberta?
Quantas que ainda são importantes estão entreabertas, também tem aquelas que jamais queremos abrir novamente.
E portas... Portas importantes que escuto o rangido melancólico se fechando lentamente, portas que colocamos um calço, uma pedra pra tentar prorrogar a sua cerrada cruel e finita,
mas que os dias, o tempo feito vento de tufão vai empurrando de encontro as trancas e assim também se fechando e deixando um vazio que acaba se transformando em lembranças vagas, se perdendo, desaparecendo com o tempo.