O AMOR
Por natureza, o inconformismo tem impelido o ser humano à discórdia, revoluções e mudanças, ao mesmo tempo, as pessoas repelem pensamentos ou achados que ameacem seu conjunto de crenças características que inclui o respeito, a liberdade de pensamento, uma estrutura para a troca de ideias e uma escolha a seguir, mesmo para os inconformados.
Houve um tempo, em que foram atribuídas semelhanças psicológicas muito próximas entre homens e mulheres, que eram considerados, então, como intercambiáveis. Tal afirmação coloca em dúvida a capacidade das sociedades baseadas na igualdade de lidar com as profundas divergências psicológicas dos sexos! Contudo, quando tocados pelo amor as reações de gênero são compatíveis.
Através da história nos tornamos cativos da retórica de romances. Contudo, a primazia do casal tem consequências políticas e sociais. Casamentos, em algumas situações, nos mantêm escravizados, sejam consistentes, ricos e perfeitos ou, tristemente tóxicos e disfuncionais. Entretanto, questionar a primazia incontestável da modalidade do casal não é favorecer o amor livre ou o poliamor, pois, as pessoas têm maneiras infinitas de expressar amor e de se comprometer com ideais.
Para algumas pessoas, quanto mais sozinhas com a solidão, mais elas se rendem à ambivalência. Outras ficam bem à vontade escolhendo a própria companhia.
Ocorrem mais coisas nos contagiados pela loucura discreta do amor, do que a liberação de dopamina, o intercâmbio dos cartões do dia dos namorados, o frio na barriga ou os neurotransmissores em sobremarcha.
Dependendo de nossa posição em relação ao amor, que pode parecer tão mundano, ou necessário como o ar, quase imperceptivelmente existimos nele. Contudo, quando nos encontramos privados desse sentimento, pode parecer uma obsessão; como uma dor física que tudo consome, e desabamos num estado emocional profundo de nostalgia melancólica de anseio extremo pela ausência de alguém que amamos, e pela opressão da saudade no conhecimento reprimido e preocupações de que alguém nunca retorne.
Então, o amor torna-se tudo, a estrela no sistema solar com os planetas representando as pessoas que apreciamos reunidos na gravidade que nos mantém juntos nessa alegria dolorosa, no porto seguro da alma, voltado para frente, representando a doação de si, permitindo o outro, e ser quem somos sem receio de censura, ambos lutando por um objetivo comum aceitando uma dependência consciente, abraçando a igualdade e motivando uns aos outros a realizar todo o potencial fazendo a nossa contribuição para o mundo com uma escolha de deixar ir.
Como uma condição neurológica poderosa, como fome ou sede, somente mais duradoura, cego ou incondicional no sentido de que não temos controle sobre isso, pois, em conformação com a química, é um sentimento abrangente composto pela luxúria passional e temporária alimentado pela testosterona e estrogênio, é o apego e a união do afeto estável e verdadeiro sustido na liberação de feromônios, dopamina, serotonina, norepinefrina, ocitocina e vasopressina, e como instrumento evolucionário, o amor é uma ferramenta de sobrevivência e um mecanismo evoluído para promover relacionamentos de longo prazo, defesa mútua do casal e suporte para os filhos.
Existem opiniões contrárias ao sentimento, e muitos não desejam fazer parte da composição do acasalamento tradicional uniforme, obrigatório e duradouro, preferindo os relacionamentos infrequentes e casuais, pois, concebem a preservação do status de casal como uma fraude emocional que prejudica o bem social, e algo anormal e trágico.
No amor, as diferenças representam o desafio maior, mais difícil do que a mesmice e a ação debilitante da monotonia, que se ampara no fascínio da harmonia repelindo a destrutividade da discórdia e o conflito de interesses. É um sentimento sólido que confronta os obstáculos à felicidade, aceitando as diferenças, recuperando-se do conflito e tolerando a desavença. Acima de tudo é uma aceitação profunda da personalidade dos amantes.
O amor, um sorriso contagiante, mais facilmente experimentado do que definido, mistério incompreensível que à primeira vista é absolutamente verdadeiro como num sonho mágico, lindo e incrível, faz o mundo parecer perfeito e interminável, é mais do que pode ser expresso em palavras, em gramática e verbos. É o Amor!