E no final, nada importa.

Sempre observei aqueles tipos de conversações sem finalidade alguma. Aquela coisa vazia, sabe? Conversas mecânicas sem objetivo, apenas para manter a relação. Vou dar um exemplo fidedigno que me aconteceu para que o entendimento seja claro.

Eu estava chegando na empresa em que trabalho e tinha um pessoal, colegas meus, almoçando no refeitório. Olhei para todos e perguntei se eles estavam bem e todos responderam em bom e audível uníssono: "tá tudo bem e você?". Logo após a resposta, eu fiquei refletindo sobre a pergunta que fiz e a resposta que me foi dada. Eu não estava preocupado em saber da vida de ninguém ali, a pergunta não deveria ter sido pergunta, foi mais como um "oi, pessoal", e é provável que com eles aconteceram a mesma coisa. Chamo isso de "diálogo cultural". As pessoas sentem essa necessidade de fazer perguntas que não estão interessadas em saber respostas, a se importarem quando na verdade só se preocupam consigo mesmas.

Agora imagine só como seria estranho e até inconveniente se você estivesse indo comprar algo no supermercado, vê um conhecido que vai numa direção contrária a sua e como qualquer pessoa educada você diz: "bom dia", ao que ele responde: "não é um bom dia, não está nada bem", parece cômico, pois ninguém espera por esse tipo de resposta.

Não vou me restringir apenas a esses exemplos, existe um leque de diálogos que comprovam essa ideia. Parece que essa manutenção de relações age de uma forma automática, meio que como um manual a ser seguido de coisas a serem ditas.

E seria pobre se eu generalizasse esses casos, visto que nos importamos, em determinados momentos, e queremos que as pessoas se importem (certas pessoas). Deixo claro também que não estou querendo dizer que existe certo ou errado, as coisas são bem mais complexas para ficarem nessa dicotomia; o que quero dizer é que, parafraseando Nietzsche, essas coisas estão muito além do bem e do mal.

Arietseb
Enviado por Arietseb em 22/06/2018
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