Repaginando a mente
Certo dia, um senhor que passava por mais de 30 anos pela aquela rua e vi um mendigo sempre sentado no mesmo lugar, debaixo de uma marquise. Até que um dia aquele estranho começou uma conversa que mudou definitivamente a vida daquele homem e tudo começou assim:
– Ei senhor, tem um trocadinho aí pra mim? – aquele velho murmurava todo dia, estendendo mecanicamente a sua mão.
– Aquele senhor lhe respondeu não tenho. Mais o que há nesse baú debaixo de você?
– Nada, isso aqui é só uma caixa velha. Já nem sei há quanto tempo sento em cima dela.
- Não tem ideia de quantos anos você tem esse baú?
- Não me lembro, afirmou aquele mendigo.
- Certamente não sabe onde você encontrou esse baú?
- O mendigo disse, eu sei e me lembro. Foi no dia muito frio. Recebi coberto novo, esse baú e um sorriso que não esqueço, estampado naquele rosto.
– Nunca olhou o que tem nesse baú? – perguntou o senhor.
– Não – respondeu. – Para quê? Não tem nada, não! Ele me deu para eu ficar enrolado com o cobertor e sentado.
– Dá uma olhada dentro – insistiu o estranho, antes de ir embora, partiu sem dizer seu nome e sorriu olhando para trás várias vezes.
O mendigo resolveu abrir a caixa, agora por curiosidade depois de mais de 10 anos. Teve que fazer força para levantar a tampa e mal conseguiu acreditar ao ver que o velho caixote estava cheio de ouro.
Eu sou o estranho sem nada para dar, que está lhe dizendo para você olhar para dentro de você.
Não de um baú, mas sim de você mesmo. Imagino que você esteja pensando, indignado: “Mas eu não sou um mendigo!”
Devo lhe dizer que infelizmente, todos que ainda não encontraram a verdadeira riqueza – a radiante alegria do Ser e uma paz inabalável – são mendigos, mesmo que possuam bens e riqueza material. Buscam, do lado de fora, migalhas de prazer, aprovação, segurança ou amor, embora tenham um tesouro guardado dentro de si, que não só contém tudo isso, como é infinitamente maior do que qualquer coisa oferecida pelo mundo.
A palavra e o pensamento transmitem a ideia de uma conquista sobre-humana – e isso agrada ao ego –, mas é simplesmente o estado natural de sentir-se em unidade com o Ser. É um estado de conexão com algo imensurável e indestrutível. Pode parecer um paradoxo, mas esse “algo” é essencialmente você e, ao mesmo tempo, é muito maior do que você. A iluminação consiste em encontrar a verdadeira natureza por trás do nome e da forma. A incapacidade de sentir essa conexão dá origem a uma ilusão de separação, tanto de você mesmo quanto do mundo ao redor. Quando você se percebe, consciente ou inconscientemente, como um fragmento isolado, o medo e os conflitos internos e externos tomam conta da sua vida.