Frígida
Frígida
“Eis que me deitei com um cadáver”. Pensei.
Ambos olhando para o teto, eu contava sobre meus primeiros anos de vida. Me abrindo da cabeça aos pés. Na ilusão de alcançar pelo menos um pouco da sua confiança.
Você jazia imóvel do meu lado. Mal escutava sua respiração.
Eu queria ter super poderes para ter lido seus pensamentos naquela hora.
Como consegue?
Subitamente você começou a pegar na minha coxa direita, começou a esfregar suas mãos.
Eu entendi o seu sinal, e fiz o mesmo.
Quando consegui tocar no seu interior, me assustei.
Parecia uma pedra de gelo seco, sem vida.
Qual era o seu problema?
Me incomoda não conseguir te agradar em nada.
Fico mendigando sua atenção, pedindo que se abra e diga o que há de errado em mim para que eu possa mudar. Mas você não se importa.
Frígida. Eu me apaixonei por uma moribunda que sabe exatamente o que quer: atazanar-me.