Nesta brincadeira do tempo, virei "café com leite"
Preciso aceitar uma coisa, "o mundo mudou". Ainda não consigo acreditar que tantas mudanças se deram dentro do espaço de tempo em que estou vivo. E, quanto mais estudo um pouco da história do mundo, dá-me a impressão de como se os costumes que antes demoravam cerca de 300 anos estivessem apressado e resumindo-se em 30. Aquela tranquilidade, os números de problemas, a passagem das horas, as relações humanas... É tudo tão diferente, dinâmico, sem tempo para pensar duas, três vezes - "é um vai ou não?!"; e são tantas pessoas, em todos os lugares, de todos os tipos. Meu Deus!
Existem vantagens no como as coisas estão, não posso negar. Livros nos ensinos públicos, notícias que foquem nos problemas da população, a liberdade de expressão, os direitos femininos, maior visibilidade a grupos de minorias e seus problemas com preconceitos... São mudanças importantes, mas existem outras que foram dadas descontroladamente. A principal delas é a inclusão digital. Um ambiente onde você se conecta com o que desejar, seja concreto ou não. A forma como as relações tornaram-se menos importantes, aparentando impressão de como há muitas pessoas no mundo, qualquer uma pode substituir outra. A maneira como as mídias nos abastece de notícias que acarretam problemas e mais problemas, quase não sobrando espaço para uma reportagem de solução ou encaminhamento, e um entretenimento "barato".
Não é como se estivesse alegando que o tempo atual tivesse que adotar os comportamentos do passado, apenas são coisas que não consigo aceitar estarem acontecendo da forma que estão. É embaraçoso, hoje, até manifestar-se, principalmente, pensando diferente dos grupos que te cercam. É incrível como o mundo tem diminuído suas fronteiras, entretanto, a distância ainda parece a mesma. Em como uma diferença de cinco anos, agora, dão a impressão de quinze. Vejo este espelhar nas crianças com quatro, cinco anos hoje, elas são bem mais resolvidas do que muitas ações minhas com quinze, dezesseis anos. Em pensar que muito do que consumo são as sobras da comunicação de adolescentes com cinco, ou mais, anos jovens que eu. Em como minha forma de tentar interagir tornou-se obsoleta para com eles, e aos conselhos que penso serem novos, já lhes estão armazenados.
Sei o quanto é impossível para mim acompanhar a velocidade do mundo, me restando penas apreciar as luzes dos anos-luz das coisas. E o quanto não estou sozinho nessa linha temporal. Mas é estranho saber está aqui, presente, e ao mesmo tempo não. Restando-me apenas realocação, com os demais iguais de pensamento e situação, nos ambientes que preservem nosso tempo, nossos costumes, e não nos agrida tanto. Tentar correr atrás de acompanhar o tempo, tornou-se uma brincadeira impossível, mas eu ainda gosto de tentar, pena que virei "café com leite".