Esuridão
Meus pensamentos estão em meio a um caos, uma bagunça acumulada pela escuridão que circunda minha alma, roubando meus sonhos e destruindo meu espírito, dias se passam e o vazio que ficou se torna medonho, parece uma neblina escura encobrindo minhas inspirações deixando somente o espectro das estrelas que me mantinham forte, com o passar do tempo o medo se torna pesadelo e as trevas tomam o controle das minhas lembranças e dos momentos felizes que ainda me restaram, então para dar um golpe de misericórdia o negrume faz-me mais uma vez refém de uma gigantesca besta que se materializa na forma de uma hiena, parecida como uma quimera com sede de sangue e que cheira a morte, notoriamente ao olhar aquele monstro nos olhos, um olhar frio e petrificador torna o céu a minha volta em um ambiente inóspito e sem cor, nesse momento não se escuta um ruído, apenas a respiração desse bicho destemido, o interessante é que ele não me ataca, apenas me encara, sua face e seus dentes são tão ameaçadores que meu corpo sente um formigamento e a pele fica lívida como um papel branco, lá no fundo eu sei a culpa desse sofrimento e sei também que o espírito da sabedoria sempre irá olhar por mim, já o espírito da proteção estará sempre ao meu lado, mas não pode fazer muito, pois essa batalha pode acabar o corrompendo, mesmo ao seus olhos intimidadores essa besta sabe que se o lobo se aproximar a probabilidade de ele se voltar contra mim é grande, só me resta confiar na coruja e na sua audácia para com este mal que está evoluindo e que poderá tomar as tortuosas montanhas, rios e arvores que naturalmente me dão força para continuar lutando, mesmo com uma revoada de cotovias atacando o monstro e desviando a atenção da besta, me sinto frágil, fraco e com medo, esse animal sabe exatamente como eu me sinto e por isso ele ataca minha mente de forma a despedaçar minha esperança, de alguma forma ele sabe como e onde fragilizar-me, alguns vestígios de luzes sempre aparecem, algumas vezes abobadas coloridas surgem no horizonte e em um instante sinto meu corpo flutuar, luzes com formas de fadas originarem-se naquele deserto, como sempre, quando alguém entra em minha vida e um beijo acontece nasce um lua ao fundo dos vales e como um anjo aquele astro me mostra vestígios de expectativa, meu coração acelera e começo a recobrar minha consciência, brisas e ventos mais fortes iniciam uma limpeza no ambiente mau agourado, aquele local sinistro e misterioso começa-se a ganhar luz, aos poucos aquela gigante besta vai evaporando como água nos dias de verão, aquele sinistro labirinto que ora se formava em minha cabeça se esvai como as folhas de um carvalho cinza do mundo gelado, aquele apocalipse que tornara minha vida numa repreensão total é banido para as profundeza do inferno graças ao escudo que o espírito da proteção me cede e logo quando tudo isso acaba só me resta lamentar e ficar forte, pois sei que esses momentos sempre voltam, pois aquele buraco negro em meu coração ainda existe e é essa cratera que me traz os momentos de sofrimento e desespero.