DIÁLOGO
Numa época em que estamos afundados numa vasta variedade de dados condutivos, cometemos o deslize de falar com estranhos em termos incondicionais, mesmo quando não temos conhecimento do contexto real da comunicação.
Apesar de a dificuldade em eliminar a tendência subjetiva, tal esforço não implica em desonestidade. Todavia, muitas pessoas ajustam os padrões de evidência para favorecer o desfecho preferido e infligir nos outros o ensaio de uma estratégia retórica maliciosa comum na vida cotidiana em exemplos claros que devemos identificar para evitar sucumbir à esses truques de linguagem, semelhante a dizermos, que a ausência de evidência não é prova de ausência. Portanto, é intelectualmente importante a capacidade de entendermos e distinguirmos a profundidade entre abstrações rasas e profundas.
Como fundamento da planificação, do aprendizado explícito, do raciocínio moral e muitas outras capacidades que nos humanizam, o pensamento linguístico é imprescindível e substancial à todas as relações sociais e instituições culturais que dominamos. Todavia, sem suprimir o valor inestimável do ato de pensar, uma causa básica de sofrimento e desordenação em nossa vida, é nossa incapacidade de identificar os pensamentos como aparências transitórias na consciência.
Dado às nossas tradições contemplativas, habitamos numa ilusão de aquisição de conhecimento, cujo escape é invariavelmente através da perspectiva de um ponto fundamental religioso. Talvez, devamos perceber que estamos perdidos nos pensamentos.
Quem sabe, nosso relacionamento com nosso próprio pensamento, seja uma contradição de nosso diálogo interior, que nos leva a pensar que formulamos nossos pensamentos e sentimos nosso conhecimento, como se houvesse um núcleo reservado da personalidade ocultamente observando no emaranhado do cérebro, ocupando uma posição privilegiada em relação à nossa personalidade, enquanto presumimos um relacionamento conosco?