ORFANDADE

O claro e simples não é o mesmo que o provável e bem definido. Porém, vivemos como se soubéssemos, convivendo no real, contemplando o possível e conjecturando o inimaginável, ignorantes como uma pedra, continuando o jogo de imitação e repetição, como se tivéssemos uma única pista do que foi, o que é e o que será.

A estreita associação da razão e da divindade, foi atenuada por uma nova mentalidade desenvolvida no século XVIII, que motivou as pessoas a duvidar da verdade disponível fornecida pela Igreja disseminando explicações sistemáticas sobre o homem, a natureza e o significado da vida, e procurar explicações racionais estabelecendo a racionalidade como força motriz da cultura geral, assim, diminuindo a influência da religião.

No século seguinte o racionalismo do novo pensamento, num contexto idealista, que não se resumia simplesmente a capacidade de a mente provar proposições da experiência verdadeira, sugeriu o desprovimento do conceito da essência unicamente espiritual, destituindo o Cristianismo e a filosofia ocidental como intérpretes da verdade e da natureza da humanidade como uma entidade sob um disfarce meramente espiritual, e em seu lugar, criando uma estrutura significativa do enfrentamento existencial solitário do homem na vida, motivando-o a reinventar-se para viver verdadeiramente aqui, neste mundo numa comunhão natural entre si e a criação.

Todavia, aqueles, reprimidos e sem pensamento próprio, caminham na vida enxergando apenas o mal e o negativo, entregando-se à oração como refúgio, sem nunca entenderem a alegria da existência e a ascendência da alma.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 26/02/2018
Reeditado em 26/02/2018
Código do texto: T6264688
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