ORFANDADE
O claro e simples não é o mesmo que o provável e bem definido. Porém, vivemos como se soubéssemos, convivendo no real, contemplando o possível e conjecturando o inimaginável, ignorantes como uma pedra, continuando o jogo de imitação e repetição, como se tivéssemos uma única pista do que foi, o que é e o que será.
A estreita associação da razão e da divindade, foi atenuada por uma nova mentalidade desenvolvida no século XVIII, que motivou as pessoas a duvidar da verdade disponível fornecida pela Igreja disseminando explicações sistemáticas sobre o homem, a natureza e o significado da vida, e procurar explicações racionais estabelecendo a racionalidade como força motriz da cultura geral, assim, diminuindo a influência da religião.
No século seguinte o racionalismo do novo pensamento, num contexto idealista, que não se resumia simplesmente a capacidade de a mente provar proposições da experiência verdadeira, sugeriu o desprovimento do conceito da essência unicamente espiritual, destituindo o Cristianismo e a filosofia ocidental como intérpretes da verdade e da natureza da humanidade como uma entidade sob um disfarce meramente espiritual, e em seu lugar, criando uma estrutura significativa do enfrentamento existencial solitário do homem na vida, motivando-o a reinventar-se para viver verdadeiramente aqui, neste mundo numa comunhão natural entre si e a criação.
Todavia, aqueles, reprimidos e sem pensamento próprio, caminham na vida enxergando apenas o mal e o negativo, entregando-se à oração como refúgio, sem nunca entenderem a alegria da existência e a ascendência da alma.