SENTINDO O REAL
Podemos acreditar numa realidade anterior à vida, a qual criou, ou propor que a consciência criou o universo, e o mundo não poderia existir sem nós.
Sendo a realidade o único lugar onde sobrevivemos, buscamos entender nossa relação com o mundo e o enigma da consciência capaz de contemplar a vastidão do universo e lidar com conceitos como zero e a infinidade.
Apesar da confiança em nossos pressupostos, somos limitados pela prática do conhecimento e experiência para viver, nas várias facetas da insaciável realidade em sua tendência liberal, mas, persistente, pois, mesmo desacreditando-a não a faz desaparecer.
O momento é constituído pelo espaço e o tempo, que, apesar de não habitarem fundamentalmente o real, como todo o interior da consciência é tudo o que há, e depende do próprio conceito para existirem.
Validamos o espaço pelas características conceituais da forma e permanência das coisas nos lugares que ocupam, e medimos o tempo pela impermanência, mutação e decadência das coisas que estão no espaço. E a coexistência das coisas manifesta a essência da realidade.
Vivemos entre o realismo e o fantástico ocultando o que não pode ser escondido, enquanto tentamos convencer os outros sobre o que não existe criando o mundo em que habitamos. No caos somos transparentes, na fortuna somos imprudentes. No desespero interpretamos a vida. No amor, experimentamos o próximo instante que muda a face da realidade tornando cada momento do real, numa sombra ou num brilho, pois, tudo nos decepciona até o que mais amamos, ao mesmo tempo em que a vida só acontece quando não estamos pensando em nada, apenas experimentando o momento.