VIRTUALIDADE E REALIDADE
Tornando a realidade muito mais complicada, nos conscientizando que a tecnologia amplia o poder em várias direções, cada vez mais se tornando evidente numa era de globalização a convergência de tecnologia com os mercados financeiros, nos arriscamos a perder a oportunidade do controle de nossos destinos nesse século XXI com a força impulsionadora da nova globalização, a revolução das comunicações.
Se não tomarmos a iniciativa deliberada para debater o futuro em que desejamos viver com a tecnologia da informação adequada para consentir e conceber esse mundo, terminaremos como vítimas de uma Internet que beneficie as estruturas de poder existentes e negligencie a sociedade, em geral.
Conscientes que todas as tecnologias disruptivas perturbam os tradicionais sistemas de controle, mudando o poder político, organizando cidadãos online para os movimentos sociais reunindo centenas de simpatizantes, viabilizam o caminho para a fama e descobrindo comunidades para diversão e interesses mais nebulosos, as grandes corporações criando ambientes de Internet que maximizam sua lucratividade e o governo, buscando censurar as redes sociais com menos supervisão judicial e às vezes antes de qualquer crime, com toda sua capacidade de alcance, despertados para que não só eles podem usar a Internet e controlar a tecnologia para servir seus interesses, não tardarão a usar esse novo meio, de forma mais eficaz que beneficie as estruturas de controle existentes e não a sociedade, em geral.
Relembrando questões já descartadas sobre as próximas medidas a serem tomadas na evolução de uma sociedade democrática, numa coletividade, que recentemente sugeria que a democracia era um projeto de sucessivas mudanças, com o objetivo final de construir uma sociedade justa e igualitária, existe algo que alguns de nós possamos fazer como intelectuais culturais com a nossa independência, criatividade, inteligência e conhecimento para contribuir no despertar da mente do povo sobre o problema da democracia num universo cada vez mais parlamentarista, policial e fundamentalista, em nossos locais de trabalho e em nossas sociedades? Provavelmente, faltam novas ideias e um contexto para debatê-las.
Parecia que uma fase mais elevada de civilização esperada pela humanidade iria ocorrer com a queda do marxismo, que apenas redundou num capitalismo global inflado por uma versão medíocre de um estado mal governado com aparente bem-estar burocrático, regido por uma democracia representativa injusta, árdua e corrupta.
Apesar do afastamento da ideia utópica do século XIX, fundamentada no paradoxo da imposição para alcançar o modelo social melhor, ignorando que não existe uma alternativa viável ao ideal democrático sem que os governos obtenham sua autoridade sem o consentimento dos governados, descartando os meios revolucionários em prol de medidas evolucionárias para mudanças governamentais.
À proporção que as classes políticas e jornalísticas perdem largamente a confiança da população, onde será que a liderança para começar uma reforma evidentemente tão atrasada e necessária tomará corpo, quando a democracia no país é percebida por muitos de seus cidadãos como corrupta, com poucas perspectivas de uma reforma rígida, alienando o cidadão ao ponto desestimular o ato necessário do voto, pondo em maior risco, ainda, uma reivindicação válida de ganhar o consentimento dos governados?
Num mundo onde o centro de crise e oportunidade está nos estados recentemente emergentes, nos quais os intelectuais desempenham um papel importante no recente estabelecimento democrático o que pensa o cidadão sobre delegar a democracia aos ditames do Banco Mundial?
Em contraste, nas nações europeias que alcançaram uma integração bem-sucedida do capitalismo e do socialismo democrático, os problemas sociais, a privação e a pobreza aparentemente insolúvel em nosso país, é mínimo, abrindo caminho para um novo Estado-nação, que propiciará uma vasta proporção da sua soberania a entidades multinacionais, uma espécie de governo nacional local.
Apesar da complexidade moral e política atual e futura, indústrias estão pressionando leis para favorecer seus modelos de negócios, as empresas de entretenimento reprimindo o compartilhamento de arquivos, operadoras de telecomunicações discriminando sobre as diferentes categorias de tráfego na Internet e os anunciantes buscando acesso irrestrito aos dados sobre nossos hábitos e preferências.
Se não buscarmos compreender como modelar a Internet para que sua utilidade mais benéfica supere os interesses poderosos, destrutivos e controladores de legislaturas de governamentais, organismos de normalização da Internet, organizações internacionais de telecomunicações e a organização mundial do comércio criarão seus próprios padrões de funcionamento.
Está chegando o tempo da criação de uma inteligência robusta, democrática, de mentalidade futurística em planejamento de cenários abrangentes sobre recursos energéticos e meio ambientes, tecnologia, mídia e entretenimento, telecomunicações, o espaço aéreo e a segurança nacional, trabalhando com empresas, governos e instituições para gerar perspectivas alternativas com a promessa de desenvolver estratégias concisas e coerentes para um mundo incerto e em mudança.
Os acordos vinculativos sustidos pela moeda do conservadorismo no século XX, com os mercados mais inteligentes do que os governos, deram força a política conservadora ao ponto de modificar a climatologia e provocar o aquecimento global, o mau gerenciamento de energia, a falha na resolução de conflitos, o descontrole de armas, a mega distribuição de drogas, a lavagem de dinheiro, o empoderamento de indivíduos, o tráfico de pessoas, a escravidão e a pobreza.
O mundo está em movimento, se comunicando, se conectando e se unindo em grupos principais, consensuais e mais globais, e um dia diminuirá o poder dos governos nacionais com horizontes de tempo limitados promovendo algo como a democracia real.
O Governo criou e reforçou monopólios. Contudo, a internet representa mudanças dramáticas e promissoras na forma como as pessoas pensam sobre como as coisas surgem, funcionam e como elas evoluem.