A vida como ela é

Eu sempre achei que minha vida mudaria quando fizesse 18 anos, que a maioridade seria incrível, que seria habilitada, e que com 20 anos, eu estaria colhendo frutos de tudo que eu plantei uma adolescência inteira.

Eu sempre pensei que com vinte e poucos anos eu atingiria o auge do sucesso, que estaria feliz e realizada, e que a minha vida amorosa já teria encontrado um final feliz.

Ninguém me explicou sobre financiamentos, nem me disseram que a minha carreira não seria exatamente o que eu escolhi no vestibular.

Esqueceram também de me contar que “felizes para sempre” é coisa de Contos de Fadas e que um relacionamento feliz exige muita paciência, dedicação e reciprocidade.

Não me ensinaram a recomeçar, mas depois dos 20 eu aprendi a cair com classe. Entendi que muitas vezes é melhor começar do zero, e que outras coisas é melhor deixar para lá, porque não merecem o meu tempo.

Falando em tempo, eu preciso de mais horas no meu relógio.

Eu sinto que depois dos 20 o dia ficou mais curto, eu preciso de tempo para estudar, conversar, malhar, trabalhar, dormir, para responder os meus amigos no WhatsApp, para viajar… bem na verdade, eu preciso de mais tempo para mim!

Sabe que eu até tento ser uma pessoa organizada, mas a verdade é que a minha vida muitas vezes está mais bagunçada que o meu quarto, se bobear, mais bagunçada que a minha casa inteira.

Só sei dizer que uma coisa que não tá: é fácil.

Não é fácil errar no amor, nas amizades e nas escolhas.

Eu confesso, detesto estar errada, já sou adulta e deveria saber acertar de primeira. Mas, acreditem vocês, eu passei dos vinte, estou quase nos trinta, e continuo errando.

Erro no corte de cabelo, na roupa que eu comprei e que nunca irei usar. Erro em escolher alguém para confiar.

E no meio de tantos erros, vejo meus vinte e poucos anos passar rápido demais enquanto eu ainda estou preocupada em encontrar o caminho certo.

Eu não sei o que será do meu futuro, mas sei dizer que aprendi muito até aqui.

Eu descobri que o meu sucesso não está na minha conta bancária, e que maturidade não vem com os aniversários.

Os vinte e poucos anos me trouxeram liberdade, responsabilidade e personalidade.

Também me trouxeram contas para pagar, financiamentos de anos, conta de luz, condomínio, internet e TV a cabo.

Me fizeram entender o quão bom é comer, mas também que é sofrido demais emagrecer nessa idade.

Eu ainda tenho muitos planos, mas preciso segurar essa ansiedade de ser tudo que um dia eu quero ser, para aproveitar tudo aquilo que eu já sou.

Eu sei que não é fácil, mas a vida não acaba antes dos trinta, ela está apenas começando.

Por isso precisamos manter a calma, eu estou tentando também, e para falar honestamente, esta fase da vida é a melhor que se podia viver.

Cada momento é seu, cada dia você faz do jeito que quer fazer, cada espaço em um dia exaustivo, que você tira para sorrir, é maravilhoso e acredite contagiante.

Esta fase merece ser vivida!

Não dá para esquecer que só se tem vinte e poucos anos uma vez na vida.

Um grande beijo no coração.

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