LEITE DERRAMADO
Como diz a sábia observação histórica, parece que estamos evidenciando mais um caso clássico dos principais picos e vales do ciclo econômico.
Seria uma distração ingênua buscar assimilar o panorama circunstancial do Brasil, ignorando o quadro repetitivo de situações recorrentes, que necessita não apenas de uma governabilidade diferente, mas, menos intervenção que pode reduzir um longo período de estagnação diminuindo o poder e o dinheiro sob o domínio de um governo de mentalidade socialista que concebe apenas a lucratividade e leva a economia do país ao desperdício, a descumprir projetos, suplementar taxas, acirrar o controle do empreendedorismo e o setor financeiro alimentado por uma moral arcaica e prepotente sobre a vida e o estado de direito do cidadão.
É inevitável não observar e pesar a plausibilidade da informação de alguns economistas, às vezes, concluindo que a efetividade do que dizem parece ser uma situação mais simples e destoante das afirmações que transmitem, pois, para uma situação como ocorre no Brasil, faz-se necessário a apresentação de argumentos transparentes, sem viés de informativos tendenciosos, tanto a nível econômico quanto político, para chegar a uma definição real, pois, tudo indica que estamos mergulhando de ponta cabeça para anos de crescimento zero sem espaço para observações administrativas de projeções com incrementos financeiros cronológicos.
Nos últimos anos da década dos anos 90, o modelo econômico do Brasil, já era arcaico, apesar do país ter atingido um patamar produtivo de infraestruturas e serviços, vasta habilidade de criação de empregos comparável ao mercado mundial, sendo um momento propício para ter repensado um novo modelo econômico, pois era claro a necessidade de atualizar o sistema de câmbio, preencher a ausência de atenção na fabricação guiada por uma organização industrial pouco doutrinada e preparada, e a falta de incentivos monetários acentuados sem um sistema rígido e efetivo do erário da nação, onde carecia a percepção de uma reformulação para colocar em prática esse potencial, lamentavelmente, gerando uma inação assomada ao declínio do valor das comodidades.
Na primeira parte dos anos 2000, o mercado financeiro internacional, principalmente o da China, com sua liquidez e escassez de ativos financeiros consistentes para guiar esse fluxo, aumentaram o interesse nos produtos de conveniência que possuíam valor específico, tornando-os ativos financeiros aliados à demanda da China de produtos e matéria-prima resultando na alta das comodidades.
Inicialmente, durante a campanha de Lula e do PT, o discurso abrangia a ruptura do estabelecimento, o descumprimento dos contratos, uma economia socialista, a apropriação de empresa particular e os meios de produção pelo Estado, a forçada reforma agrária com o fortalecimento sindical absoluto e a intenção de descontrair dívidas internas e externas, ocasionando dubiedade e insegurança nos setores empresariais e de investimento externo, e levando à fuga de capital, ao aumento cambial do dólar e a uma crise econômica no final de 2002.
Por volta de 2004, após Lula assumir o governo, ocorreu uma significante acomodação da economia, criando uma reação positiva nos investidores e especuladores estrangeiros, empresários e consumidores, começando o período de bom crescimento do PIB do Brasil, resultado da crescente demanda de mercados emergentes e a preocupação com a disponibilidade de fornecimento em longo prazo, propiciando o país a vivenciar uma longa fase de abundância de recursos conduzida pela alta internacional dos preços das comodidades com a injeção de capital da China que foi um voraz e insaciável consumidor do minério de ferro e da soja produzidos no país, entre outros mercados compradores, além do decisivo papel do dólar, tempo ideal para o governo repensar na modernização econômica, na reforma política, na reforma tributária, na reforma trabalhista e, finalmente, na previdenciária---e não o fez.
É revoltante pensar no dilatado período de crescimento devido ao aumento do preço dos produtos de conveniência aliado ao crescimento externo com dinheiro entrando no país-- que foi desperdiçado!
Contudo, a incidência das necessidades da China, apenas parcialmente explica toda a nossa economia, pois, o enfraquecimento contínuo do dólar, a expansão do crédito podia durar mais tempo sem gerar carestia generalizada, não havendo pressão para a alta dos itens demandados, fortalecendo a economia e o governo brasileiro, aumentando a renda real da população, criando um acréscimo da renda nominal sem uma correspondência no aumento dos preços. Assim sendo, apenas o setor de serviços, com mais autonomia para elevar os preços, livre de competição externa, sofreu um acentuado aumento da procura proporcional à melhoria da renda das pessoas.
Estranhamente, a notável estabilização econômica derivada da expansão do crédito, manteve os preços relativamente estáveis, aumentando o grau de confiança, o consumo e incentivando investimentos de crescimento exponencial, com os bancos privados e públicos injetando dinheiro na economia, através de crédito equivalente gerado pelas concessões de empréstimos, um sistema manipulativo financeiro arriscado, com o Banco Central atuando com metas de inflação, para moderar a escalada dos preços, mas, que pode levar a um grande descontrole inflacionário.
Porém, esse novo nível de crescimento estava perdurando por tanto tempo que se nutria a confiança nas condições destacadas onde se supunha que as reformas estavam sendo operadas e, que o crescimento se manteria estável mesmo que o valor das comodidades diminuísse.
Atualmente, a compreensão da realidade dos últimos anos, nos mostra claramente que o único benefício herdado do caducado status financeiro da nação, é a diminuição das desigualdades e o alívio da pobreza.
Porém, devido ao desperdício, as reformas infraestruturais necessárias que não foram feitas, e abandonadas como estavam, principalmente no aspecto fiscal, quando havia tantas coisas que poderiam ter sido feitas, examinadas e reformadas nos anos em expansão, em adição a uma crise financeira, judicial, política e social em meio ao descrédito doméstico e internacional, estamos, atualmente num beco sem saída.
As tão necessárias reformas políticas, tributárias e financeiras, que nunca aconteceram apesar da notória presença dos bancos públicos emprestando e tomando espaço nos mercados de crédito com os bancos privados, apesar da redução de crédito criando distorções devido aos empréstimos subsidiados gerando mais stress no orçamento. O preço da mercadoria estava ajudando o país a recuperar um certo status e realmente o que nós percebemos é que, isso não foi, realmente, o que aconteceu.
O período de crescimento foi tão longo que propiciou a prática de certos processos ilícitos como os escândalos significativos de corrupção extremamente abrangentes acontecendo na Petrobras, que como tem sido relatado, sempre funcionou nesse caráter obscuro, seguindo um modelo de capitalismo de estado da nação, que nunca mudou, a não ser com relação às enormes proporções quando passou a ser usado para interesses políticos absolutos, em lugar de apenas favorecer certos elementos do setor privado, sendo o resultado direto da disfunção política no país confrontando uma enorme recessão.
É temeroso presumir as consequências da redução no PIB nos próximos anos, antecipando uma séria combinação de uma recessão muito profunda, o aumento de desemprego com a crescente inflação que cada vez mais encolhe a classe média vulnerável, que transitou de padrões mais baixos de renda, e está em risco de retornar às categorias de distribuição de baixa renda, devido a inflação, ao desemprego e a dependência da Bolsa Família, uma regressão sem perspectivas claras e breves de recomposição.
O cenário é disforme e obscuro, com uma combinação nefasta de profunda recessão, ausência de oportunidades de emprego e inflação corroendo a renda, num panorama de incerteza e desespero resultantes da recessão, e as empresas demitindo seu quadro funcional sem criar novas vagas de emprego.
A população, observando a destituição e perdas de seus vizinhos, teme pelo destino incerto de seus trabalhos, famílias e filhos.
É previsível vermos o povo enganado e desiludido voltar às ruas para protestar violentamente contra um governo já fragilizado, que tem a impropriedade de propor reformas trabalhistas e previdenciárias, quando deveriam ter promovido reformas políticas, financeiras,fiscais, judiciárias, trabalhistas e previdenciárias quando tiveram chance de fazê-lo sem sacrificar, ainda mais, um povo desprovido de recurso, esperança e, possivelmente, senso patriótico.