SUA DEPRESSÃO.
Eu tinha apenas sete anos quando você nasceu. Ainda me lembro do entusiasmo que eu senti quando a mamãe chegou com você nos braços. Parecia uma bonequinha embrulhada num manto amarelo. Tão pequenina, tão frágil. Eu queria pegá-la no colo. Ver de perto o anjinho que eu ajudaria a proteger. Confesso que não comecei muito bem... Deixei você cair. Pensei que tinha matado você e isso também me matou por dentro. Me lembro de correr para fora, enquanto a mamãe gritava algo dentro de casa. Naquele momento eu congelei o tempo. A única coisa que eu conseguia ouvir claramente era o meu soluço e a voz entrecortada implorando para Deus poupar a sua vida. O alívio que eu senti quando a mamãe me disse que estava tudo bem foi como nascer novamente. Nunca esquecerei essa cena. Também nunca esquecerei a bronca que levei da diretora da escola por tentar te defender. Eu era uma irmã coruja... Continuo sendo. A minha intenção sempre foi te proteger. Te livrar do perigo de um mundo cruel. Eu vi você crescer diante dos meus olhos, mas não me lembro de ter visto a tristeza crescendo dentro de você. Sabe como eu me sinto? Me sinto como a criança que deixou você cair. Eu não sei o que fazer. Não sei como agir. Eu não posso brigar com ninguém pela sua vida. Seria mais fácil te salvar de um sequestro? De um assalto? Eu não sei como salvá-la de si mesma... Eu não sei. Sinto falta das suas gargalhadas... Do seu brilho no olhar... Da sua vontade de viver. É horrível estar de luto por alguém que não morreu. Você não morreu! Você respira, seu coração bate... Oh Deus! Até quando? Eu tenho medo da sua escolha, meu coração está partido e o seu próximo passo é um mistério que me assombra. Por favor fique aqui. Saia desse estado vegetativo. Escolha viver. Eu sinto sua falta.