Depressão e Redes Sociais

Tirei uma foto de minha cama arrumada. Aqui está a legenda que gostaria de postar no Facebook se tivesse coragem.

Essa não é uma simples foto para mostrar o quão adoravelmente hipster está meu quarto (embora realmente esteja). Essa foto representa um pequeno marco de uma luta que eu - como milhões de outras pessoas - enfrento, 24/7. Essa luta, embora inexprimivelmente grande para quem a conhece, é quase invisível aos olhos de outros e se esconde ainda mais atrás de postagens gloriosas no Instagram, em que quartos, maquiagens, comidas e vidas parecem perfeitos. Meu pequeno círculo online certamente não tem grande influência, mas, mesmo assim, eu faço parte dessa cultura que vai contra tanta coisa que eu alego defender, o que me torna estupidamente hipócrita.

Certo, vamos tirar logo isso do caminho: eu tenho depressão. Fui diagnosticada ano passado após um período complicado na minha vida e sigo atualmente tomando medicação e fazendo terapia. Sem entrar em muitos detalhes, posso dizer que já estou melhorando, mas ainda tenho dias muito difíceis. Bom, mas e o que minha cama tem a ver com isso? É que essa foto mostra só o primeiro dia em semanas em que eu tive disposição suficiente para arrumar a cama, pois, muitas vezes, me falta disposição até para levantar dela. De mesma forma que o último texto que compartilhei foi o primeiro em meses que consegui escrever espontaneamente. E isso simboliza boa parte das fotos e postagens que vemos nas mídias sociais, pois pode haver um mundo inteiro de dor atrás de cada selfie sorridente.

Moral da história? Não tenho certeza. Essa é apenas uma pequena tentativa de combater a invisibilidade dessas doenças tão presentes no nosso cotidiano e de dizer para quem passa por algo parecido que você não está sozinhx. <3

Agatha Fortunato
Enviado por Agatha Fortunato em 09/02/2017
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