CARINA
Vivia pelo mundo
De mar calmo a mar revolto
Onda vinha, onda ia, navegando de norte a sul, leste e oeste sem parar
Eu no tombo do navio e no balanço do mar, olhando a terra distanciar
Dos meus olhos aquele novo rosto
Que no pouco tempo busquei gostar
Não sabia se ia voltar enfrentando as tempestades
Levando no peito a saudade daqueles lábios
E do calor do arrocho daqueles braços a me apertar
E assim seguia minha vida nas rotas que ia navegar em mares de outros oceanos
Sob outros céus de chuva ou sol
Sem saber onde ia aportar.
Talvez em outros braços repousaria e encontraria o consolo das lembranças que deixei por lá
Tendo as espumas como os dias, passando sem voltar e deixando pra trás os respingos ao vento
Como a despedida do tempo dos curtos romances tão preciosos de lembrar
O céu azul nos olhos da loira, e o cinza das nuvens como o semblante triste daquela morena
Que fez-me ponderar o quanto era vazio o trilhar na vida do marujo caloso do sol, do sal, da chuva
E do destino de amar sem ficar
Balançando ao vento, enquanto quebravam as ondas, levando o pensamento a recordar
O sonho passageiro vivido em todos os cantos onde ia aportar, dos amores deixados por lá
Como as folhas secas ao vento que passavam despercebidas que outras verdes tomariam seu lugar
Te conheci por acaso, linda menina, entre minhas idas e vindas, sem saber como ia findar
Ancorei, e uma afortunada escolha foi perto de ti chegar
Mas, gostar de você foi além de mim, e decidi ficar
Velejando pelo mundo te encontrei
Gostei de você e fiquei
Para nunca mais te deixar
Agora, somos dois no mar