O eu
As pessoas que passam nas ruas, cada vez mais cansadas. Na verdade serei eu o cansado, e transmito para elas essa aparência. Hoje, quando chego em casa não tenho nada mais que uma súbita vontade de ficar sozinho, me cansa ter que comentar sobre jogos idiotas de futebol que passam às quartas-feiras. A espera dramática de um momento oportuno de me recolher e ficar em um mundo onde exista apenas o eu. É engraçado que durante todo o dia, na escola, no trabalho, no ônibus, me moldo e finjo ser uma pessoa sociável, mas em casa; gostaria de não fingir. Faz parte do meu ser essa alma melancólica que me acompanha até em meus sonhos. Não tem um momento de vivência que não anseio pelo sossego, não que eu queira a findo viver em uma solidão complacente, mas me sinto mais, na calmaria de meus pensamentos.